Minha opinião sobre o assunto dos dedilhados é que a geração anterior a dos grandes precursores do contrabaixo no Brasil (Sandrino Santoro, ex- professor da UFRJ; José de Barros Chagas, Orquestra Sinfônica. de Recife; Hector Rossi, ex-professor da UFPB, entre outros), não teve muita escolha na hora de estudar. Muitos contrabaixistas sul-americanos estudaram com italianos vindos da Europa, que chegaram aqui através das companhias de ópera vindas da Europa em turnês pela América Latina, outros estudaram com alunos desses contrabaixistas.
O Sandrino, por exemplo, é italiano de nascença, mas começou seus estudos de contrabaixo no Brasil. Ele teve como professores um italiano, o Leopardi e um russo, o Vassili.
A mesma coisa deve ter acontecido com os contrabaixistas argentinos e uruguaios, etc, que têm hoje entre 60 e 70 anos de idade. Acredito que eles só tiveram acesso à existência do 1-2-4, quando já era tarde demais.
Naquela época, ou você estudava o que mandavam, ou te mandavam estudar outra coisa…
Acho que todos eles foram filhotes da ditadura contrabaixística… Não sei também se a “abertura” contrabaixística, feita por esses contrabaixistas ao questionar “baluartes” técnicos como o dedilhado 1-3-4, teve alguma coisa a ver com as aberturas políticas dos países em que viviam, se ela aconteceu após fatos políticos.
Não podemos esquecer que o pós-ditadura torna os artistas mais livres e abertos à idéias novas e intercâmbios, porque eles passam a ter um espaço novo para isso, que antes era dedicado à resistência e à denúncia cultural.
Estou querendo dizer com tudo isso, que esses questionamentos e as consequentes mudanças, como no ensino dos dedilhados, só devem ter sido possíveis de se tornar realidade, após uma ruptura com as tradições e uma aliança com idéias novas.
Hoje em dia, temos muito mais democracia no ensino do contrabaixo. Viva a diferença!
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