Vibrato é a delicada oscilação sonora feita com o dedo se movimentando um pouco para lá e pouco para cá, sem escorregá-lo do lugar em que ele está.
A grosso modo, é como se o dedo ficasse um pouco nervoso e saísse distribuindo “cotoveladas” em quem tentasse se aproximar dele.
Como contrabaixistas educadinhos que somos, não podemos distribuir “cotoveladas” em tudo e todos os sons que aparecem pela nossa frente.
Se você quer “brigar” sempre com as notas, que o faça com estratégia e objetivos, pois o vibrato deve ser usado como recurso expressivo e não como recurso de afinação.
Quando o vibrato deixa de ser um recurso expressivo, alguns probleminhas podem surgir…
Por exemplo: de nada adianta você passar a sua vida contrabaixística errando a pontaria dos intervalos, para ajustá-los com aquela tremidinha nervosa que você acha que é um vibrato e, principalmente, que você acha que é o super vibrato que pode livrá-lo também da desafinação.
De tanto você fazer isso, você passará não só a ser um contrabaixista que vive fazendo ajustes de afinação, como seu vibrato deixará de ser algo bonito e expressivo para virar um disfarce de seu estudo mal direcionado.
Escalas e intervalos costumam ser estudados sem vibrato, para que fiquem mais precisos. Depois que a “precisão” aparece com mais freqüência, você pode acrescentar pitadas de vibrato a gosto.
Um bom estudo para a “pontaria” é escorregar os dedos da mão esquerda em direção à nota com um metrônomo e fazer um acento com o arco na nota almejada assim que o dedo chega nela.
Dessa forma, as notas não sofrem “ajustes”. Você vai ouvir o som da nota sem vibrato.
Estava desafinada? Volte 5, 10, 50 vezes até acertar a fofa, sem se esquecer de pensar no movimento, na nota desejada e na distância a ser percorrida.
Só evite repetir a nota errada por mais de cinco vezes seguidas sem dar uma parada básica para pensar, porque senão o seu cérebro passará a achar que aquele foi o caminho certo. Explicando melhor: se você for repetir o movimento 20 vezes, não se esqueça de que o bom senso é múltiplo de cinco, certo?
Voltando à notinha “esquisita”, você desafinou bonito e, para compensar essa falha “mecânica”, o que você faz?
Enfia a droga do vibrato na nota assim que consegue captar a desafinação, e com ele escorrega o dedo até a nota ficar certa.
Com o tempo, além do seu cérebro achar que o intervalo errado é o certo, ele também passará a achar que aquele vibrato salvador da sua desafinação faz parte do processo.
Simples, não é? Você passará a tocar desafinado e com um vibrato para afinar.
Aí, a qualidade do vibrato também passará a ficar comprometida. Afinal, ele foi chamado para ser o galã da sua música e você o torna um reles coadjuvante de afinação!…
Lógico que ele vai se revoltar com esse papel ridículo, passará a ficar cada vez mais agressivo e passará também a distribuir “cotoveladas” nas notas cada vez mais rápidas.
Você não perceberá, mas um dia alguém descobrirá para você que o seu galã virou um carneiro…
Mais à frente, alguns vibratos se revoltam de outra forma: de tanto serem obrigados a consertar a desafinação do contrabaixista como um tique nervoso, eles entram em estado de choque e param de acontecer.
A partir disso, eles passam a apresentar o tal do tique nervoso no início da nota e mais nada!…
Até o vibrato surta, gente!
Com o tempo, a mão esquerda também fica dura e aí, o galã que virou um carneiro, se transformou num carneiro de um mé só: méee de méeerda de mão esquerda!
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