Postagens de maio, 2011


A estante e os seus dois contrabaixistas formam um triângulo entre si.
Os contrabaixistas formam um triângulo com o maestro, e esses triângulos “preenchem” o semicírculo da montagem da orquestra no palco, como se tudo isso fosse um grande leque aberto, em que o maestro fica na parte de baixo, na metade da linha reta, para onde convergem todos os “triângulos“ da orquestra.
Se a orquestra tocar sem maestro, proceda a divisão da estante como se houvesse um.
Detalhe: dividir a estante e se posicionar tendo um maestro como referência visual preservará os seus olhos e a sua coluna dos problemas causados com uma má divisão da estante, mesmo que você não vá olhar para o bonitinho sempre.
Agora, olhar para o maestro como referência musical nem sempre preservará você e a orquestra de resultados musicais medíocres e/ ou constrangedores.
Portanto, olho vivo no maestro de vez em quando e ouvido vivo na música sempre…

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Para dividir uma estante entre dois contrabaixistas é importante lembrar que as orquestras são montadas em forma de U de cabeça para baixo, visto da plateia para o palco.
O naipe de contrabaixos pode se posicionar no palco de duas formas: em “meia-lua” ou em “fila”. Na “meia-lua”, uma estante de contrabaixo é posicionada do lado da outra, em semicírculo. Na “fila”, uma ou mais estantes são posicionadas atrás de uma ou mais estantes.
Quando o naipe de contrabaixo está em “meia-lua”, é importante acompanhar esse modelito também no posicionamento de sentar dos contrabaixistas, ou seja, numa mesma estante, um contrabaixista vai se sentar ligeiramente mais à frente ou mais atrás do outro contrabaixista.
Na estante seguinte, o contrabaixista da esquerda se alinha com o contrabaixista da direita da estante anterior, mas o imprescindível é que todos os contrabaixistas do naipe enxerguem bem o chefe de naipe e o maestro.
A partir do momento que um contrabaixista se senta mais à frente ou mais atrás que o colega da estante, para manter a curvatura do naipe é importante deixar a estante também inclinada, ou seja, a parte em que se lê fica paralela à linha reta imaginária traçada entre os dois contrabaixistas, lado a lado.
Para dividir melhor a estante entre os dois, sem que um fique mais prejudicado que o outro, é só mirar com a ponta do arco a cabeça do maestro (ou para o centro do palco).
A distância entre o talão do arco e a lateral da estante de cada contrabaixista tem que estar igual. Assim, a estante não ficará mais para a direita ou mais para a esquerda.
Quando o naipe está em “fila”, um contrabaixista também se sentará ligeiramente mais à frente ou mais atrás do colega de estante, devido à montagem da orquestra no palco, que é em forma de u de cabeça para baixo (ou de um leque aberto).
Seja em “meia-lua” ou em “fila”, tanto a angulação da estante quanto a disposição dos bancos de contrabaixo têm que ficar cômodas para os dois contrabaixistas, porque eles sempre precisarão ler a partitura e olhar para o maestro sem mexer a cabeça e com pouco movimento dos olhos.
O movimento dos olhos só será maior quando o contrabaixista estiver lendo a página oposta ao seu lugar.
Para atenuar o desconforto de dividir uma estante com outro colega, é necessário também regular a altura da estante, de forma que não seja necessário ficar deslocando os olhos da partitura para o maestro nas primeiras linhas, já que isso acontecerá naturalmente a partir da metade para baixo da partitura.
Mesmo assim, uma ida ao oftalmologista de ano em ano é recomendável e, é claro, a prática de exercícios físicos regulares, nem que eles sejam para desestressar…

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No naipe de cordas de uma orquestra (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) é costume se usar uma estante de música para cada dois instrumentistas.
Essa divisão é não só física, mas também funcional. No caso do contrabaixo, por exemplo, o contrabaixista da esquerda costuma marcar as arcadas, e o da direita costuma virar as partes (folhas da partitura) e isso é o inverso do que acontece no naipe dos violinos.
A divisão da estante entre os dois contrabaixistas costuma ser uma coisa incômoda, principalmente se ela for mal dividida, e pode demorar um tempo (ou nunca) até que os músicos se acostumem um com o outro.
Essa situação é quase um casamento, pois todos nós temos manias: tem colega que puxa a estante toda para si; tem colega que deixa para mexer na estante (para pior, é claro) na hora que o ensaio ou concerto vai começar e você não pode fazer nada; tem colega que se esquece de virar a página ou vira tão em cima da hora que quem está tocando perde algumas notas; tem colega que não marca as arcadas; tem colega que a-do-ra rabiscar as partes com dedilhados, setinhas e cobrinhas com lápis, e outros que infelizmente também gostam disso, mas com canetinhas coloridas, dentre muitas outras manias, que nem sempre são gostar de você…
Sou favorável à estante individual para os contrabaixistas, porque o tamanho do instrumento acarreta naturalmente uma distância maior entre os instrumentistas e a estante, o que não acontece com nenhum outro instrumento da orquestra: os violinos são pequenos e a distância entre os dois violinistas e a estante também é pequena, por exemplo. Os instrumentistas de sopro e os de percussão leem em estantes individuais, e tanto faz se for um flautim ou uma tuba.
Por isso, penso que mais uma vez nós contrabaixistas somos prejudicados, assim como somos os instrumentistas mais prejudicados da orquestra com essa divisão de uma estante para cada dois contrabaixistas.
Isso como se já não bastasse carregarmos um instrumento pesado e termos que tocar mais forte para sermos ouvidos, ainda mais se estivermos sentados perto de uma tuba assassina (basta uma para cobrir um naipe de oito contrabaixos), ou algo equivalente, como uma fileira de quatro trompas psicopatas ou de três trompetes criminosos.
Até hoje só vi uma orquestra em que cada contrabaixista lia em uma estante exclusiva. Pena que essa ideia ainda não tenha dado filhote brasileiro…
Quanto à divisão de funções na estante, se você não quiser marcar as arcadas ou virar as páginas (contrabaixista assim existe!), talvez seja bom você se lembrar que tocar numa orquestra é um trabalho em equipe, e que lugar de faniquitos e chilicotes de solista é no camarim.
Agora, se você é a vítima do seu colega contrabaixista de estante folgado, pense que você é um contrabaixista e não um burro de carga, mesmo que para alguns leigos isso pareça a mesma coisa.
Uma conversinha sobre o assunto com o chefe de naipe costuma funcionar já que, como tal, ele deve definir funções tão bem quanto tocar, embora às vezes ele saiba definir melhor…
Felizmente, nessa hora (e infelizmente na hora da politicagem orquestral), isso não fará a menor diferença para você e para muita gente…

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Quando se é chamado para tocar em orquestras sinfônicas ou de câmara, principalmente as amadoras (mas não só elas), às vezes, existem algumas frases assim:
“… A situação está difícil e não vai ter cachê desta vez…”;
“… É um concerto sem cachê, para que futuros patrocinadores avaliem o potencial da orquestra…”;
“… Nesse concerto não haverá cachê, mas os próximos terão com certeza…”.
Para mim, uma coisa é você ter um grupo (duo, trio, quarteto) que toca de graça em entidades filantrópicas (asilos, hospitais, etc.); outra é você ser chamado para tocar de graça numa orquestra.
A logística para uma orquestra se apresentar tem sempre um preço elevado (transporte, divulgação, cachê do maestro, montagem do palco, iluminação, sonorização, aluguel do teatro, etc.).
Acho no mínimo estranho que falte dinheiro para o músico e não falte para as outras coisas.
Depois de tocar em algumas orquestras sem cachê e de ver o carrão importado novinho do maestro de uma delas, entre outras coisas, cheguei à conclusão de que, se você não recebe pelo que toca, alguém recebe por você.
Muitas orquestras são criadas com promessas de um futuro promissor, mas não passam de um trampolim para o maestro mostrar currículo para bolsas de estudo no exterior ou para concurso, etc, e, portanto, não sobrevivem a mais de um ou dois concertos.
Portanto, deixe o sonho ou o embuste da futura nova orquestra ou da orquestra não-nova para o maestro, e a realização de uma ou de ambas as coisas para a equipe de produção da dita, sem abrir mão do seu cachê.
Isso porque o trabalho musical vai ser seu, a decepção se o projeto não vingar vai ser sua, a indignação de ver outros colegas serem chamados no seu lugar se a orquestra continuar também vai ser sua…
Detalhinho: com cachê, procure sempre se precaver assinando contrato. Ele não é garantia de que você vai receber o dinheiro, mas é garantia de que você poderá lutar por ele até ele aparecer ou não, coisa impossível de acontecer sem contrato.
Pense que maestro pobre é uma questão de falta de mídia, que contrabaixista rico é uma questão de loucura, que contrabaixista pobre é um problema de concorrência, que contrabaixista bobo é só uma questão de papo e que o calote é universal.

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Quando se fala em orquestra jovem, a denominação “jovem” pode levar a gente a pensar erroneamente que é uma orquestra de músicos fracos e inexperientes, mas a qualidade dessas orquestras é quase sempre surpreendente e interessante.
O trabalho feito em muitas dessas orquestras é de alto nível e o ingresso em muitas delas é através de concursos cada vez mais difíceis e concorridos.
As orquestras jovens são um ótimo “estágio” para as orquestra profissionais, porque nelas são trabalhadas importantes obras do repertório orquestral.
Além disso, nelas o jovem músico passa a se ambientar com a regência de um maestro, a ter as primeiras e essenciais noções de disciplina em ensaios e apresentações e a conviver com horários e disciplina rígidos.
Há grandes orquestras sinfônicas que mantêm uma orquestra jovem sob sua “custódia”.
Muitos músicos dessas orquestras jovens –geralmente os melhores- passam depois a ser requisitados para ensaios e concertos na orquestra sinfônica “matriz”.
Dentro dessas orquestras profissionais, os jovens músicos aprendem muitas coisas e se aperfeiçoam.
Muitos começam suas vidas profissionais nessas orquestras assim, recebendo a bolsa somente da orquestra jovem em que tocam e fazendo eventuais concertos na orquestra profissional vinculada à orquestra jovem, sem receber nenhum adicional financeiro por isso, até que um concurso os faça ingressar “oficialmente” na orquestra profissional.
Infelizmente, nesse caso, tocar sem cachê “faz parte” do processo…
Agora, existem orquestras amadoras ou semi-profissionais que chamam os jovens músicos para tocar sem cachê ou com cachês baixíssimos, com a promessa de que os chamarão quando houver como pagar um cachê ou um cachê melhor, mas minha experiência diz que, quando há dinheiro suficiente para um cachê razoável ou bom, as orquestras chamam mesmo os músicos profissionais.
Portanto, se o músico jovem achar que deve tocar num concerto desses, que pense na vantagem disso (estar no mercado de trabalho, ganhar mais experiência, etc.), já que muitas vezes não há programa, ou seja, não há nem como comprovar a presença na orquestra para efeito de currículo, assim como tocar em um ou mais concertos não é garantia de lugar fixo nessas orquestras, principalmente quando há dinheiro em jogo.

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O primeiro contrabaixista de uma orquestra é o chefe de naipe dos contrabaixos.
Função: manter a ordem no naipe; marcar as arcadas; eventualmente escolher um dedilhado padrão para algum trecho orquestral; definir o revezamento de contrabaixistas, as folgas e as reduções (quando a peça executada terá um pequeno número de contrabaixistas ou um número menor que o contingente de contrabaixistas do naipe); contar todos os compassos de pausa; liderar musicalmente o naipe, conduzindo todas as entradas do mesmo; servir de referência para os outros contrabaixistas tocando, se possível, um pouco mais forte.
Em orquestras profissionais, o cargo de primeiro contrabaixista é usualmente conquistado mediante concurso, mas pode ser também por indicação do maestro, e tem um percentual a mais no salário.
Em orquestras amadoras, usualmente esse cargo é conquistado por indicação do maestro, mas pode ser conseguido também mediante um consenso entre os contrabaixistas do naipe que podem optar tanto pelo contrabaixista que toca melhor, como por um revezamento de chefes de naipe ou pelo contrabaixista com mais experiência.
O concertino é o contrabaixista que senta ao lado do primeiro contrabaixista na 1ª estante. O cargo também é conquistado da mesma forma que o de primeiro contrabaixista, e também tem uma remuneração extra, porém em menor proporção.
Uma orquestra sinfônica pode ter de cinco a dez contrabaixistas, mas o mais usual são oito contrabaixistas.
Um naipe de contrabaixo de uma orquestra sinfônica pode ter até dois chefes de naipe, que se revezam, e até dois concertinos, que também se revezam.
Na orquestra, há uma hierarquia que é sempre respeitada: no topo da pirâmide, o maestro. Logo abaixo vem o spalla da orquestra, seguido dos chefes de naipes, dos concertinos e na base da pirâmide fica o tutti orquestral.
Na orquestra, como em qualquer tipo de trabalho, deveria haver sempre uma ética a ser seguida e respeitada, mas muitos dos cargos, principalmente os preenchidos sem concurso, são cargos musicais e ao mesmo tempo políticos.
Nem sempre o maestro é competente ou educado, nem sempre o spalla sabe se colocar do lado da orquestra em impasses profissionais, e nem sempre o chefe de naipe é o melhor e/ ou o mais eficiente músico do seu naipe, assim como nem sempre sabe representar ou defender os seus colegas ou ser honesto com eles nas conversas secretas de camarim com o maestro e/ ou com a administração da orquestra.
Mas isso o público não precisa saber e a música deve continuar…

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Em um naipe de contrabaixos basta um contrabaixista desafinar, para o naipe soar desafinado.

Na hora da desafinação, a tendência natural é a gente querer tocar mais forte, mas a solução mais sensata e eficaz é o contrário: tocar mais piano (com menos volume) para ouvir a orquestra e o naipe e procurar se encaixar.

Agora… se o naipe tiver mais de dois contrabaixistas completamente desafinados, ou se a orquestra estiver caótica e/ ou se o maestro estiver perdido, não faça cara feia e não ria!

Faça mímica e pense positivo, pois quem se perde um dia se acha, não é mesmo?
E aproveite o momento cheio de poesia sonora para torcer bastante para que a música acabe logo e para que não haja conhecidos na plateia…

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Não deveríamos limitar a interpretação de uma música à nossa própria técnica, assim com não deveríamos limitar a interpretação de um estilo musical à nossa personalidade.

Se você não sabe fazer bem notas ligadas em cordas diferentes e a música está escrita assim, o que você faz: desliga as notas? Faz um dedilhado em que não seja necessário mudar de corda ou estuda a passagem com as tais notas ligadas em cordas diferentes até a dita sair?

E se você é tímido e não consegue “colocar para fora” aquela interpretação super-expressiva de uma peça romântica?

E se você é uma pessoa muito extrovertida e que se sente “presa” ao tocar uma peça clássica, por não conseguir tocá-la sem aqueele seu vibrato lindo, carregado de sentimentalismo e bem-acompanhado de arroubos românticos?

E se você se sente incapaz de tocar uma peça em que vem pedida uma dinâmica “forte”, porque se acha uma pessoa muito meiga? E se vem escrito “piano”, mas você não consegue parar de amassar o contrabaixo com a sua personalidade cheia de personalidade?

Bem, nem sempre uma dinâmica forte quer dizer uma interpretação agressiva, e nem sempre uma dinâmica em piano (suave) quer dizer uma interpretação doce, estamos combinados?

Pense agora no som que você pode não estar conseguindo tirar e, antes de ver a grama verde do seu vizinho contrabaixista, faça uma análise rápida e indolor de você mesmo. Você pode estar “transferindo” a sua personalidade para o contrabaixo.

Portanto, sempre podemos cair em nessas “armadilhas” pré-fixadas por nós mesmos, porém o estudo bem direcionado do instrumento e da Música tem como um dos seus objetivos a oportunidade de entender a Música e os seus estilos musicais para que tenhamos, a partir disso, liberdade para interpretá-los.

Nós sempre lutaremos contra as limitações de volume e de timbre do contrabaixo, que não tem os recursos de uma voz ou de um violino, mas essa é uma luta saudável, que faz o contrabaixista procurar uma forma de se aproximar do som dos seus sonhos, quer seja por admiração, quer seja por inveja.

Muitas vezes também seremos “obrigados” a tocar diferentemente da nossa personalidade, porque a música pedirá isso, e sempre seremos convidados a rever os nossos valores interpretativos, que podem mudar com o aumento do nosso conhecimento musical, com a compreensão da nossa personalidade, com a melhoria da nossa técnica contrabaixística e/ ou com o nosso amadurecimento pessoal e musical. Viva a diferença!

Com isso, quero fazê-lo ver que estudo, personalidade e interpretação são componentes ativos da vida de um músico e que dosá-los conscientemente é uma das formas mais gratificantes de se sentir músico.

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No contrabaixo existem alguns “clichês” de interpretação, que podem ser seguidos ou não, dependendo do que vai ser tocado e como vai ser tocado:
a) De um modo geral, toca-se quase tudo com as notas um pouco mais separadas (secas), porque o som grave do instrumento costuma “embolar”;
b) Nota longa ou de duração maior que a nota seguinte é tocada mais curta, para que ou o arco tenha tempo de voltar sem atrasar a emissão da nota seguinte, ou para que a articulação da nota seguinte não fique prejudicada com a ressonância da nota longa anterior;
c) Nota curta que precede nota longa é tocada a partir da metade do arco ou menos, para que haja arco suficiente para a emissão da nota longa;
d) O dedilhado que você escolher para tocar uma peça expressiva ou lenta poderá mudar se a peça for mais técnica ou rápida, porque o dedilhado interpretativo não tem a mesma função do dedilhado técnico;
e) O vibrato é feito após a execução da nota e não junto com o início da nota;
f) Glisses (aquele escorregar de dedos em que se ouvem várias notas) devem ser evitados, salvo se houver indicação na partitura, mas os portamentos, que são glisses bem curtos e rápidos, às vezes ficam bonitos, quando executados bem próximos à nota de chegada, e desde que não haja excesso deles;
g) Notas iguais repetidas podem dar a idéia de ênfase e, portanto, serem mais valorizadas, ou dar a idéia de terminação e executadas com um diminuendo;
h) Os tempos fortes e fracos da música devem ser respeitados. Se houver indicação de acentos, estes também devem ser respeitados. Caso você esteja acentuando as notas erradas, procure ver se você percebe isso quando toca ou quando canta o trecho. Depois, veja se você não está dividindo mal o arco. A acentuação errada pode ser um problema de percepção e/ou um problema técnico;
i) Existem “respirações” de articulação, quando é preciso tocar uma nota mais curta para dar tempo de esclarecer a nota seguinte, e existem as respirações de frase, quando é preciso finalizar a frase, dando um acabamento que pode ser um pequeno diminuendo, seguido de uma pequena pausa, ou de um diminuendo maior, seguido de uma pequena pausa. Em ambos os casos, a pequena pausa é feita na nota que finaliza a frase, que soa um pouco mais curta;
j) Passagens que podem ser feitas subindo pela 4ª corda devem ser evitadas, em detrimento da mudança brusca de timbre do instrumento, principalmente na região aguda desta corda, assim como passagens na região aguda da 3ª corda também devem ser evitadas, principalmente se forem expressivas, embora em passagens rápidas algumas vezes sejam mais cômodas e não interfiram no resultado;
k) Muito cuidado com as cordas soltas, especialmente a 1ª corda e/ ou quando você precisar de notas expressivas, porque elas podem soar “abertas” demais e dar a impressão de um buraco na frase;
l) Evite fazer um crescendo no fim das frases, salvo se escrito ou necessário;
m) Como o contrabaixo não tem a projeção de uma voz humana ou de um trompete, faça uma dinâmica mais para cima se você for tocar acompanhado sem amplificação; especialmente se você for fazer um solo;
n) Na maioria das vezes, a frase musical que se repete (quando há o sinal de ritornelo), é executada com uma dinâmica mais suave;
o) Na execução de ritmos repetidos (colcheias, semicolcheias, etc.), convém evitar marcar todas as notas, para que o resultado musical não fique escolástico. Procure dar um sentido à frase, valorizando ligeiramente a primeira nota do primeiro tempo de cada compasso e/ ou onde se fizer necessário, e NUNCA acentue os contratempos, salvo se indicado ou necessário;
p) Não comece uma nota e faça um crescendo desnecessário nela, nem comece uma nota, cresça a bonitinha para, logo em seguida, decrescê-la desnecessariamente. Esse recurso, chamado de “barriga”, se não usado com moderação, passa batido da categoria de interpretação para vício de execução;
No mais, interpretação é o que você fala, mostra, conta, rebate, frisa, fica em dúvida, dá opções, sonha, fantasia, grita, se conforma e galanteia no instrumento, entre outras sensações.
Mas nada disso seria, é, ou será possível sem um princípio básico: a respiração.
Dane-se se você acha que só quem respira é cantor, pois sinto te dizer que qualquer instrumentista respira, que o instrumento respira, que a música respira!…
O contrabaixo respira, o arco respira, o pizzicato respira…
Portanto, não existe frase sem respiração, não existe fraseado sem respiração.
Sem respiração, não há interpretação, não há Música…

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A parte técnica da interpretação no contrabaixo depende de algumas coisitas:
a) Dedilhados: um dedo pode ser mais expressivo que outro em determinada passagem, ou mais rápido, ou ter menos mudança de posição com determinado dedo, etc;
b) Timbre: tocar o trecho numa mesma corda para não haver mudança de timbre, ou conseguir um timbre mais agressivo tocando mais perto do estandarte, ou um som mais doce tocando mais perto do cavalete, etc;
c) Vibrato: mais amplo nos graves, pois vibrato rápido no grave pode não aparecer ou mais rápido nos agudos, com velocidades diferentes, mais regular, etc;
d) Articulação: notas que soam mais curtas, notas que soam mais longas, notas ligadas, notas separadas, etc;
e) Golpes de arco: movimentos do arco que serão feitos para executar determinada articulação. Por exemplo: duas notas ligadas seguidas de duas notas separadas podem ser executadas com o arco para baixo nas notas ligadas e com um arco para cima e outro para baixo nas notas articuladas, assim como também podem ser executadas de outras formas, como com o arco para baixo nas notas ligadas e com as duas notas separadas para cima, articuladas na mesma direção do arco, mas com uma separação (pausa) entre elas, etc.
Esses golpes de arco têm nome: legato, stacatto, détaché, etc, e a escolha deles também está vinculada ao estilo de época da música;
f) Mudanças de ponto de contato, velocidade e pressão do arco: experimente tocar uma música com o arco sempre no mesmo lugar da corda –pode ser no meio da corda- com a mesma velocidade – notas longas com o arco inteiro e notas curtas proporcionais- e com a mesma pressão nas cordas. Ficará tudo mecânico, com o mesmo volume e timbre de som.
Em um trecho da música isso até pode ser feito, mas numa música inteira você ganhará, graças à inexpressividade exemplar, o troféu “Bocejo de Ouro”, ainda mais tocando contrabaixo e, principalmente, se o repertório escolhido não sair da região grave.

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