Postagens de maio, 2011


Com mais de três séculos de conhecimentos contrabaixísticos passados através das escolas de contrabaixo, e com tantas escolas de contrabaixo existentes, para que ser autodidata?
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Dificilmente, os seus problemas com o instrumento ou a sua forma de tocá-lo serão algo tão novo ou inovador, que não possam ser acrescentados ou enquadrados a uma escola de contrabaixo.
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Quero dizer com isso que, aqueeela sua dúvida atormentadora já pode ter sido resolvida há 100 anos, que aqueeele mistério contrabaixístico auto-intrigante pode já ter sido elucidado há 30 anos, e que aquela sua forma de tocar diferente, exclusiva e quase patenteada já pode ter adeptos e co-autores há 150 anos…
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Após 03 séculos de conhecimentos “cadastrados”, é melhor tentar ser diferente já tendo todas as ferramentas nas mãos, do que ficar quebrando pedra que outros já quebraram e até fizeram estrada.
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A proposta e a intenção de uma escola são exatamente as de “padronizar” uma forma de tocar, seja tecnicamente ou musicalmente, através de informações e conhecimentos que foram e estão sendo “coletados”, e passar verbalmente esses ensinamentos aos contrabaixistas daquela escola, para que eles não sejam perdidos, assim como os pais passam seus ensinamentos aos filhos…
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É interessante ver que as escolas de instrumentos têm “árvore genealógica” com seus nomes mais expressivos: fulano, que estudou com cicrano, que estudou com beltrano, etc.
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O que hoje é considerado “tradição”, algum dia foi considerado “inovação”, ou seja, as escolas de instrumento são como o idioma materno: a ele são acrescentadas palavras novas e expressões, mas a estrutura básica é sempre a mesma, e tudo isso é passado a outras gerações, que interagem com outras famílias e pessoas.
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Assim como o idioma tem na expressão o seu “mecanismo” principal para que a comunicação se complete, as escolas de instrumento também têm como “mecanismo” a expressividade musical e o apuro técnico, para que o músico possa expressar a sua arte sua arte para si mesmo e para outras pessoas.

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Algumas pessoas optam por estudar contrabaixo sem um professor, na esperança de que uma “quarentena” de alguns anos assim, ou de que uma auto-imersão contrabaixística os faça tocar contrabaixo melhor…
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As aulas regulares com um professor de contrabaixo são importantíssimas para o desenvolvimento instrumental e musical do aluno, além de diminuírem consideravelmente os riscos de tensionamentos, tendinites e outras “ites”, associados aos movimentos repetitivos, e de tensionamentos associados à falsa necessidade do uso da força para tocar.
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Muitos contrabaixistas profissionais também optam por aulas ou masterclasses esporádicas com professores de contrabaixo, como forma de reciclar e aumentar seus conhecimentos técnicos e/ou musicais, e/ou diminuir tensionamentos.
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O ensino do contrabaixo acústico vem sendo feito há mais de 03 séculos.
A partir desses ensinamentos e seus resultados característicos, surgiram as escolas de contrabaixo.
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As escolas de instrumento são as “linhas” teóricas e práticas do ensino do instrumento, que englobam a técnica, a interpretação e as suas especificidades, e que vêm sendo passadas de geração em geração de instrumentistas, ao longo dos séculos.
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O contrabaixo tem diversas escolas como: a Escola Italiana, a Escola Francesa, a Escola Alemã, a Escola Austríaca, a Escola Tcheca, etc.
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Essas escolas se diferenciam basicamente pelo tipo de arco usado. As Escolas Italiana e Francesa utilizam o arco de modelo francês, enquanto que nas Escolas Alemã, Austríaca e Tcheca, o arco usado é o de modelo alemão, por exemplo.
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As escolas de contrabaixo de mesmo arco têm muitos aspectos técnicos parecidos entre si, mas têm também um conjunto de aspectos técnicos e interpretativos diferenciados em quantidade suficiente para serem considerados como uma escola específica.

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preocupação com a quantidade de horas de estudo é muito subjetiva, pois cada um tem as suas necessidades, o seu relógio contrabaixístico. Sugiro que o aluno se preocupe mais com a qualidade do seu estudo. É melhor estudar três horas com concentração, do que concluir seis horas maçantes.

Conheço contrabaixistas (profissionais e alunos) que têm o talento para sintetizar suas dificuldades e resolvê-las num curto espaço de tempo. Outros precisam de um tempo maior com o instrumento para resolver a mesma coisa.
O importante é você estudar “até onde conseguir, sem forçar”.

Um aluno iniciante não terá conteúdo para estudar seis horas de contrabaixo por dia, assim como um aluno avançado não conseguirá dar conta de estudar tudo o que precisa em uma hora por dia.

Agora, a concorrência está enorme e o mercado de trabalho continua fechado… Por isso, quem tem objetivos profissionais com o contrabaixo, após um ano de instrumento, deve pensar em três ou quatro horas diárias de estudo, no mínimo. Esse tempo pode chegar até seis ou oito horas diárias.

OBS: Para agüentar esse treinamento contrabaixístico, trate também do seu corpo, não se esquecendo de fazer:
a) Uma pausa de 5 a 10 minutos a cada 50 minutos ou 1 hora de estudo;
b) Alongamentos antes e depois do estudo;
c) Tirar um dia na semana para descanso;
d) Praticar alguma atividade física regular (2x por semana, no mínimo), que fortaleça os braços, abdômen e costas.

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Não adianta coisa alguma contabilizar seu estudo em número de horas.
O importante é que você e/ ou seu professor sintam que está havendo progresso no instrumento, principalmente o seu professor porque, freqüentemente, os alunos têm a falsa impressão de que pararam de evoluir, muitas das vezes só por causa de aulas ruins.

Seu professor saberá avaliar melhor essa situação, pois os alunos só têm um objetivo – tocar -, e como é um objetivo muito avançado, terminam ficando desestimulados pela demora natural em conseguir alcançá-lo. Já o professor também tem o mesmo objetivo, obviamente. Porém, ele trabalha com diversos “micro-objetivos” que, juntos, farão com que os alunos toquem.

Por exemplo: enquanto um aluno está preocupado em afinar um intervalo (mão esquerda), o professor pode estar vendo essa mesma afinação não pelo ângulo do abrir ou fechar mais os dedos (espaço), mas sim pela pressão dos dedos, cujas variantes também causam alterações na afinação. Ele também pode estar vendo esse problema através do arco, pois as variantes de ponto de contato na corda, velocidade e pressão também podem causar mudanças sonoras e oscilações na afinação. Ou seja, o aluno pode estar se considerando um desafinado por não conseguir realizar um intervalo com precisão, quando na verdade, ele pode estar sem tônus físico para sustentar a pressão dos dedos nas cordas, ou estar fazendo movimentos desnecessários com o arco.

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O ideal é que o aluno já tenha o contrabaixo ao começar seus estudos.
Caso você não o tenha, muitas escolas disponibilizam o contrabaixo para estudo.
Procure se informar quanto aos horários oferecidos porque, muitas das vezes, eles são incompatíveis com os horários dos alunos, o que torna o estudo viável, mas impraticável.

Outras possibilidades: comprar um contrabaixo a prestação (algumas lojas fazem em até 10x com juros), alugar o contrabaixo de alguém, arrumar um emprestado de um colega, dividir o horário de estudo com alguém que tenha instrumento ou mesmo fazer parte de uma igreja que tenha contrabaixo, em troca de serviços como tocar em cultos e/ ou missas.

Mais uma vez, volto a escrever que se você não conseguir arranjar uma solução prática para o problema da falta de instrumento e, mesmo assim, ainda quiser estudar contrabaixo para que ele seja uma atividade de lazer ou mesmo para diminuir o estresse natural da vida, converse com o seu futuro professor e seja franco com ele. Muitos professores e muitas escolas de música não aceitam alunos com esse tipo de objetivo, e isso evita aborrecimentos “multilaterais” no futuro nada remoto.

Se você quiser levar a sério o estudo do contrabaixo, mas estiver sem solução para a falta de instrumento para estudar sugiro, primeiramente, que você tente juntar dinheiro para comprar um.
Caso isso também seja inviável, a solução talvez seja adiar o sonho de ser contrabaixista para quando a situação permitir, e tentar estudar um instrumento mais acessível financeiramente, como um violão, um trompete, uma flauta-doce ou canto.

A falta de tempo suficiente para estudar e a falta de dinheiro para se manter na Música são, para mim, os dois maiores fatores de desistências nas escolas de música.

Antes de desistir, existem muitas soluções paliativas. O importante é que cada um tente a sua e vá em frente.

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Viver com alguns sonhos alimenta a esperança, e esse pode ser um caminho para que você não desista de vez de ser músico.

Muitos grandes músicos também começaram por acaso em seus instrumentos, pois inicialmente eles queriam outro, mas acabaram se encantando pelo “substituto”.

Bottesini, um grande virtuose do contrabaixo começou assim: ao entrar para o Conservatório de Milão, com 14 anos, ele teve que escolher entre o fagote e o contrabaixo, sendo que até então ele era corista e violinista.

Quero dizer com isso, que se você resolveu ser contrabaixista mesmo, vá em frente!

Se precisar optar por outro instrumento temporariamente, pense que muitos músicos já passaram por isso, e que o objetivo de ser contrabaixista pode fazer com que você lute com mais garra por isso, ou até que você descubra outro instrumento na sua vida.

Se você precisar escolher outro instrumento definitivamente, pense que o instrumento é só um meio de você chegar a algo muito maior: a Música!

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a) Uma pessoa que trabalha oito horas por dia precisará ver se terá disposição para estudar o contrabaixo regularmente depois do trabalho;
b) Um estudante precisará ver se terá uma brecha para o estudo regular do instrumento. Se for época de pré-vestibular, a situação será ainda mais complicada.

Não se esqueça de contabilizar o tempo que você usualmente fica fora de casa e também o deslocamento para estudar caso você não tenha o contrabaixo em casa.

Caso você se enquadre nos modelitos acima e queira estudar contrabaixo para que ele seja uma atividade de lazer ou mesmo para diminuir o estresse natural da vida, converse com o seu futuro professor, e seja franco com ele. Muitos professores e muitas escolas de música não aceitam alunos com esse tipo de objetivo, e isso evita aborrecimentos “multilaterais” no futuro.

Para quem só pode estudar um instrumento nos intervalos de almoço no trabalho ou escola, talvez uma sugestão seja optar por um instrumento portátil como um violão, uma flauta-doce ou mesmo o canto.

Para os que só têm a noite para estudar, o contrabaixo com surdina (objeto baratinho, que abafa o som do instrumento) não causa desavenças com os vizinhos, desde que o estudo se amolde a um horário “tolerável”, é claro!

No início do estudo você precisará de, no máximo, meia hora de estudo por dia, mas esse tempo vai aumentando gradativamente, conforme a adaptação ao instrumento e a modificação das exigências técnicas por parte do seu professor.

Dependendo dos seus objetivos, um mínimo de duas horas de estudo por dia (5 a 6 vezes por semana), é aconselhável. Isso só para o contrabaixo, fora as outras matérias, ouvir e/ ou tirar músicas, etc.

Se você não vai ter tempo para isso, talvez seja interessante assumir o contrabaixo como um hobby (não sem antes falar sobre essa possibilidade com o seu futuro professor) ou trocar de instrumento, mesmo que temporariamente, mas se manter perto da música até a situação permitir que você estude contrabaixo.

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A primeira coisa que um talvez futuro contrabaixista deve fazer é analisar sua infra-estrutura para começar ou não o estudo do contrabaixo. Aí vão duas perguntinhas básicas:
1) Você vai ter tempo para estudar? Sim ou não? Quanto? Onde?
2) Você tem contrabaixo? A escola tem e o disponibiliza para estudo? Quais as possíveis soluções para quem não tem contrabaixo?

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Queridos colegas,

Aqui estarão vários textos das minhas “orientações contrabaixísticas”, feitas a partir da minha experiência como contrabaixista e professora de contrabaixo acústico.
Nessas “orientações”, abordo vários assuntos e questionamentos como: ser ou não ser contrabaixista, o que é necessário para ser um (a) contrabaixista, aspectos da técnica do contrabaixo, regras de etiqueta “contrabaixística”, noções de interpretação, entre outras coisas.
Esse material faz parte do livro que estou terminando de escrever, e que em breve estará nas livrarias.
Espero que vocês gostem…

Beijocas contrabaixísticas da Voila

OBS: Esses textos também se encontram no fórum Contrabaixo BR.
https://www.contrabaixobr.com/t2297-orientacao-contrabaixistica-para-contrabaixistas-acustico

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Bosque é um lugar que deveria se chamar busque…

Úmido, verde escuro, com raios de luz insistentes, que procuram driblar as folhas distraídas, na verde-esperança de conseguir conversar com a terra… Cheiro de mata, de mato, de chão, de musgo, num arco-íris de aromas, que os bichos da cidade, donos de outros idiomas e linguagens, vertem para “ar puro”.
Caminho por esse bosque querendo muito estar com os pés descalços, mas o medo de insetos estranhos, e a lembrança sempre presente de quem já brincou de pique- esconde em cima de um formigueiro, me fazem achar o tênis um grande invento da “natureza”… Mas é só olhar prá cima e ver alguns pássaros, que logo esqueço dos meus pés. Eu me esqueço das coisas incômodas olhando para cima (como quando procuro pelas minhas “estrelas”) e me lembro das coisas incômodas olhando para dentro…
Vejo pequenos arbustos escondidos por entre as árvores que insistem em filtrar os raios de luz, e me dou conta de que há muito mais coisas escondidas naquele bosque…
Mais à frente e muito bem escondida, está uma pequena jabuticabeira. Penso que Eva mordeu a maçã por falta de opção. Com certeza ela não estava num bosque tropical, onde há diversas opções de frutas bem mais saborosas que a insossa maçã, e também ainda não haviam criado a culinária, prá transformar a insossinha numa torta ou num bolo de maçã. Isso talvez tivesse dado à humanidade que acredita nessa história, um toque mais quente… Até como “do amor” a maçã é uma decepção depois da primeira mordida e, cá prá nós, uma banana tornaria a historinha muito mais sugestiva e divertida…
Agora se a Eva topasse com uma torta de maçã, ela poderia convidar o Adão para comê-la com chantilly. Isso sim seria um pecado original, porque comer maçã por maçã, qualquer formiga já devia fazer antes da Eva, mas não entrou para a história porque era uma formiga… A única formiga que entrou prá história foi a da fábula, e assim mesmo porque estava acompanhada de uma cigarra que fazia barulho…
Mas voltando à jabuticabeira… caio de boca nas frutinhas sem esperar por nenhum Adão.
Quando já estou completamente empanturrada, me dou conta de que a hora passou e que… nossa, é mesmo!!
Aí você deve estar pensando: o que ela estava fazendo nesse bosque?
Eu respondo: eu tinha um encontro marcado com o lobo mau, mas perdi a hora e ainda errei de endereço: bosque não é floresta!
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