A mudança de posição acontece quando subimos ou descemos a mão esquerda no contrabaixo, seja para tocar outras notas, seja para tocar as mesmas notas em outra corda, por exemplo.
O contrabaixo é um instrumento grande e as distâncias entre as notas também são grandes. Isso não impossibilita, mas dificulta a execução de passagens musicais muito rápidas, por exemplo.
Mudança de posição não quer dizer mudança brusca de velocidade da mão e do braço esquerdos a cada saída de uma posição ou a cada chegada da mão à outra posição, porque isso pode ocasionar uma mudança “suja”, em que o som pode ficar muito entrecortado com os arranques da mão, sem contar o gasto inútil de energia a cada aceleração e a cada desaceleração da mão e do braço esquerdos.
Mudança de posição numa mesma região (grave ou média) também não quer dizer mudança de forma da mão, porque a cada vez que a forma da mão muda, é necessário recolocá-la no lugar para que sejam tocadas as notas que resultaram da mudança de posição, sem contar a perda de tempo para encolher e abrir a mão.
Mudança de posição também não quer dizer mudança de dedo. Você pode mudar de posição com o mesmo dedo.
Por que, ao fazer uma mudança de posição com do dedo 1 para outra com o dedo 4, ao chegar na nota o dedo 2 (ou 3) fica levantado ou fingindo que está prendendo a corda?
Bem, isso sem contar as vezes em que ele fica tão frouxo que não consegue nem ficar no lugar certo.
Se o dedo 2 for solicitado de repente, a afinação não precisa ir: já está no beleléu.
A mudança de posição com dedos diferentes é feita com o dedo que você está tocando, que vai sendo tirado ou colocado gradativamente, enquanto os outros dedos vão sendo tirados ou colocados gradativamente até pararem na nota de chegada.
Esse movimento gradativo de tirar ou de colocar os dedos é feito lentamente, sem tensionamentos.
Um portamento, ou escorregar do som para o agudo ou para o grave inicialmente é esperado.
Com o tempo, a velocidade constante da mão esquerda passa a ser maior, diminuindo esse portamento.
Se você toca com arco, o próximo passo é desacelerar discretamente a velocidade do arco na mudança de posição, para acabar com o portamento involuntário das notas.
Clareando as idéias:
a) Para fazer a mudança de posição não há necessidade de se encolher os dedos ou a mão;
b) Não se sai rapidamente de uma nota e não se freia bruscamente em cima de outra nota;
c) O dedo que está sendo usado anda um pouco em direção à próxima nota e a mudança de posição é feita preenchendo o espaço que fica entre essas duas notas, colocando-se gradativamente os dedos necessários para a execução da nota de chegada.
Por exemplo, se a nota de chegada é com o dedo 4, todos os dedos da mão estarão sob a corda, pressionados, na nota de chegada;
d) O dedo que está sendo usado anda um pouco em direção à próxima nota e a mudança de posição é feita preenchendo o espaço que fica entre essas duas notas, tirando-se gradativamente os dedos que não serão necessários para a execução da nota de chegada. Por exemplo, se a nota de chegada é com o 1º dedo, todos outros dedos da mão estarão fora da corda na nota de chegada.
Exemplos:
1) Na 1ª corda, nota lá como o dedo 1, indo para a nota dó com o dedo 4:
Sair do lá com o dedo 1 e antes desse dedo chegar ao si bemol, coloca-se gradativamente os dedos 2,3 e 4 sob a corda. Todos os dedos pressionam aos poucos a corda. Pouco antes de chegar ao dó com o dedo 4, todos os dedos já estão pressionando normalmente a corda, e aí ao chegar na nota a mão pára de andar suavemente;
2) Na 1ª corda, nota dó com o dedo 4, indo para a nota lá:
Sair do dó com o dedo 4 (todos os dedos pressionando a corda). Antes de chegar ao si, tira-se da corda gradativamente os dedos 4, 3 e 2. O dedo 1 pressiona gradativamente a corda. Pouco antes de chegar ao lá, ele já está pressionando normalmente a corda e aí a mão pára de andar suavemente ao chegar na nota.
Detalhes importantes:
a) Numa mesma região (grave ou média) a forma da mão não muda, independente do dedo que você vai fazer a mudança de posição;
b) É importante pensar na posição e não somente nos dedos ao fazer a mudança de posição, pois, como o nome já diz, é mudança de posição e não mudança de dedo;
c) O braço esquerdo “escorrega” junto com a mão esquerda. Se ele for mais rápido ou mais devagar que a mão esquerda, o pulso ficará “quebrado”.
Movimento do braço esquerdo na mudança de posição:
Ponha a mão no início da 1ª corda (sol). O braço desce junto (na mesma velocidade) da mão até mais ou menos a nota ré. A partir daí o cotovelo dá uma “paradinha” e o antebraço vai descendo sozinho, enquanto o cotovelo faz uma micro-rotação e “leva” o braço inteiro na direção da parte aguda do instrumento. O encaixe desses movimentos é feito de forma suave e contínua.
Para facilitar a compreensão da forma da mão na mudança de posição, pegue uma caixa de fósforos e reserve perto do seu contrabaixo.
Vá para o contrabaixo e imagine um trem passando por um trilho.
Agora, imagine a locomotiva passando por esse trilho em linha reta.
Imagine a locomotiva passando na 1ª corda do seu contrabaixo.
Pegue a caixa de fósforos reservada e faça dela a sua locomotiva.
Ponha essa caixa de fósforos sob a 1ª corda e passe-a para lá e para cá na corda.
Ela mudou de formato por causa disso? Não, não é?
Agora, deixe a caixa de fósforos para lá e coloque a sua mão esquerda para deslizar devagar pela mesma corda que a “locomotiva” passou. Vá até onde termina o braço do instrumento (braço, não o espelho ou “escala”, certo?) e volte.
Por que a sua mão se modifica?
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