Orientacoes Contrabaixisticas by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.
Postagens de julho 27th, 2011
Esta entrevista é uma cópia revisada da realizada no Linhas de Baixo na comunidade do Orkut, “Mulheres no contrabaixo”, em abril de 2009, e suas perguntas foram elaboradas por membros da comunidade.
Nesta entrevista, o grande e talentosíssimo contrabaixista brasileiro Antonio Arzolla discorre sobre métodos e livros contrabaixísticos, repertório, ensino, técnica, entre muitas outras coisas, e nos deixa com um gostinho de quero bis. Bravo, Arzolla!
“Colegas dos graves bem formados e bem-informados,
Este é o tópico do “Linhas de Baixo” (entrevistas) da ‘Mulheres no contrabaixo’, que contará com a participação do grande contrabaixista ANTONIO ARZOLLA.
Antonio Arzolla: Mini-release
Nasceu em Piracicaba – SP, onde começou a estudar contrabaixo com o professor Sandor Molnar Jr.
Transferindo-se para o Rio de Janeiro, graduou-se em contrabaixo pela Universidade Federal do RJ, sob orientação do professor Sandrino Santoro.
É mestre em práticas interpretativas pela Uni-Rio, onde leciona contrabaixo desde 1988.
Frequentou masterclasses de contrabaixistas de renome mundial. Foi solista de orquestras como a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do RJ, da qual é contrabaixista desde 1990.
Foi vencedor de vários concursos, como o Jovens Concertistas Brasileiros de 1989. Foi contrabaixista de Orquestra Sinfônica Brasileira e atuou como contrabaixista convidado de diversas orquestras.
Como recitalista, estreou várias obras de compositores brasileiros. Como camerista, atuou com os principais conjuntos do Rio de Janeiro e com vários músicos estrangeiros.
Lecionou em masterclasses e cursos de férias como os de Curitiba e o Internacioanl de Verão da Escola de Música de Brasília.
É membro da International Society of Bassists, tendo sido recitalista em uma de suas convenções, na Iowa University, EUA.
Participou das comemorações do ano do Brasil na França, em turnê com a orquestra Arco Brasil.
Recentemente, tocou em Portugal, acompanhando o coro Calíope.
Voila Marques
Nossas boas-vindas…
Seja-bem vindíssimo à ‘Mulheres no contrabaixo’, Arzolla!
Gostaríamos de agradecer a você por ter aceitado o nosso convite para participar do “Linhas de Baixo”, e também de dizer que é uma imensa honra podermos tê-lo aqui com a sua talentosíssima presença nas nossas páginas contrabaixísticas para essa, certamente, interessante entrevista contrabaixística do mês de maio/2009, mês em que também contaremos com a talentosíssima presença do contrabaixista Oswaldo Amorim entre nós!
Abraços contrabaixísticos
Antonio Arzolla
Voila, obrigado pela oportunidade e parabéns pelo excelente trabalho que você realiza aqui em prol da comunidade contrabaixística. Espero que as respostas possam ser úteis!
Saudações contrabaixísticas
Voila Marques
Arzolla, eu é que agradeço a sua presença aqui conosco!
Fico feliz com suas palavras e, vindas de você, fico quase convencida!
Como contrabaixista você é famoso, mas muita gente vai se surpreender com o seu talento e sua eficiência para escrever…
Boas respostas!.
Obrigada e beijocas contrabaixísticas
Ronnie Oliveira
Olá, mestre Antonio Arzolla!
Gostaria de saber:
Onde você toca recentemente?
Com quem você teve aula?
Qual foi o seu primeiro contrabaixo?
Você já estudou na Europa? Se estudou, com quem?
Conte uma experiencia de ter estudado lá.
Arco: como você gosta? Um arco mais pesado ou leve?
Conte uma história engraçada da sua vida como contrabaixsta!
E, para finalizar essa bateria de perguntas, dê alguns conselhos para quem está começando.
Abraços, mestre Arzolla.
Antonio Arzolla
Oi, Ronnie!
Atualmente, eu toco na orquestra do Teatro Municipal, na Camerata Quantz (conjunto de música antiga da UniRio), na Orquestra Bachiana Brasileira e faço bicos em outros conjuntos de câmara.
Estudei contrabaixo só no Brasil, com dois professores: Sandor Molnar Jr, em Piracicaba, e Sandrino Santoro, aqui no Rio.
Conheci grandes artistas estrangeiros, como Wolfgang Guttler, Ed Barker, Petracchi, Gary Karr, Hans Roelofsen, Eugene Levinson, Jeff Bradetich, Massimo
Giorgi, que me acrescentaram muito conhecimento e influenciaram no meu jeito de tocar.
Eu gosto de arco pesado para orquestra, médio para música de câmara e mais leve para solo.
Na orquestra gosto que o arco agarre bem, e defina bastante o som, já para solo espero mais resssonância e flexibilidade da vareta.
Geralmente, as histórias engraçadas do contrabaixo se referem ao seu transporte. Uma vez peguei um ônibus leito de Curitiba para cá e quase não consegui embarcar, porque no bagageiro tinha tantas malas que o contrabaixo teve que ficar por cima delas todas.
Outro episódio foi quando fui dar um curso em Domingos Martins (ES) e tive que percorrer as ruas da pequena cidade com o contrabaixo dentro do case (sarcófago) e outras pessoas ajudando. O povo parava para ver o “cortejo fúnebre”. Para quem vê, é engraçado, mas para o contrabaixista é meio trágico.
Imagine por exemplo, você tentar subir no ônibus com o baixo e ele não passar pela portinha que separa o motorista dos passageiros. Ou então, a atendente no aeroporto dizendo que o baixo não pode embarcar.
Hoje em dia, está acontecendo muito isso.
Meu primeiro instrumento era um argentino com tampo de abeto e o resto de compensado. Não soava muito bem, não.
Para quem está começando, aconselho a procurar um bom professor, ter muita calma e perseverança para enfrentar um longo período de estudos antes de colher os resultados.
Um abraço e boa sorte!
Lucas Oliveira
Olá, Arzolla!
Gostaria que você falasse sobre sua experiência como professor da Uni-Rio.
Quais são as suas exigências para o vestibular e qual o repertório cobrado?
Muito obrigado e abraço.
Antonio Arzolla
Oi, Lucas!
Estou na Uni-Rio há vinte anos (o tempo passa e a gente nem percebe…).
No início, havia só uns poucos alunos do curso técnico e de instrumento complementar.
Lá você pode fazer 4 semestres dessa última matéria. Então o que acontecia muitas vezes, era que o aluno fazia os quatro semestres e parava.
Outros alunos interessados na música popular costumavam fazer até menos que 4 semestres, achando que o que tinham aprendido era suficiente para sair tocando.
Então, poucos alunos passavam para o bacharelado nessa época.
Quando fecharam o curso técnico, passei a ministrar cursos de extensão: um para iniciantes e outro para alunos que já tinham se formado.
Neste último curso pude trabalhar com alunos de nível elevado, o que me deu bastante satisfação por estar trabalhando interpretação do repertório, coisa de que gosto muito.
No bacharelado, tive muitos alunos divididos entre o clássico e o popular. Alguns se formaram e ficaram só no popular mesmo, e são hoje instrumentistas requisitados nessa área.
Nos últimos anos passei a ter mais alunos de bacharelado e alguns voltados exclusivamente para o clássico.
Cheguei a ter 7 alunos só no bacharelado e, por alguns semestres, também dei aula de música de câmara focando conjuntos de contrabaixo, de quartetos a sextetos.
Quanto à didática, aprendi muito vendo o professor Sandrino dar aula, quando ainda estudava com ele.
O meu enfoque técnico é quase que totalmente baseado no que aprendi com ele. Mas desenvolvi um método meu para iniciantes, embora hoje em dia raramente ensine iniciantes.
Acho que o meu forte como professor está na área da interpretação musical.
Para entrar no bacharelado da Uni-Rio, o candidato tem que tocar o primeiro movimento do concerto de Dragonetti (o mais famoso, atribuído incorretamente a ele) ou o primeiro movimento do concerto de Dittersdorf em Mi Maior, com a
cadência de Gruber.
Além disso, peço escalas em três oitavas e um estudo de Carlo Montanari do nº 9 ao 14.
Um abraço
Thiago Correia
Bem, Arzolla, venho aqui te fazer perguntas sobre a pedagogia do contrabaixo:
1. O que você fez e tem feito para ensinar contrabaixo a crianças ou pessoas que de uma certa forma sofrem em relação a altura em relação ao tamanho do instrumento, ou com jovens que ainda estão desenvolvendo a musculatura e qual o cuidado que se deve ter para não ocasionar dores crônicas?
2. Gostaria de te pedir uma bibliografia em relação à pedagogia do contrabaixo.
3. Seria possível você fazer uma abordagem a respeito de como você inicia um aluno seu: métodos, obras solo iniciantes, intermediárias e avançadas, trabalho de arcadas, estudo de escalas, entre outros?
4. E, não querendo ser chato, lá vai a última: fale a respeito do que há de atual no ensino do contrabaixo no Brasil e no mundo, novos livros/métodos, peças… e chega!
Grande abraço e obrigado à Voila e ao Arzolla!
Antonio Arzolla
Oi, Thiago.
Vou procurar responder nessa mesma ordem. Então seria:
1. As crianças podem começar com violoncelo ou com contrabaixos dos tamanhos 1/8, 1/4 ou 1/2, e os adultos pequenos podem utilizar contrabaixos tamanho 1/2.
Já existem no Brasil luthiers e fábricas produzindo instrumentos pequenos.
Para evitar dores por causa de problemas que se tornam crônicos, o professor deve fazer o aluno tocar com o máximo relaxamento possível dos membros superiores e suas partes, e cuidar da postura e do posicionamento dos membros do aluno.
Uma dica para os alunos que já enfrentam uma rotina pesada de estudos é fazer aquecimento antes de tocar e alongamentos depois de tocar.
2. Infelizmente há pouca coisa escrita sobre o contrabaixo em português, mas aí vai uma lista de livros que podem ajudar, uns mais, outros menos específicos:
Benfield, Warren – The Art of Double Bass Playing (1973)
Billé, Isaia – Gli Strumenti ad Arco ed i Loro Cultori (1928)
Brun, Paul – A History of the Double Bass (1989)
Carlin, Salvatore – Il Contrabbasso (1974)
Donington, Robert – The Interpretation of Early Music (1989)
Elgar, Raymond – Looking at the Double Bass (1967/1983)
Galamian, Ivan – Principles of Violin Playing and Teaching (1985)
Goilav, Yoan – The Double Bass, A Philosophy of Playing (2003)
Green, Barry – Advanced Techniques of Double Bass Playing (1976)
Henrique Autran Dourado – O Arco dos Instrumentos Musicais (1999)
Morton, Mark – Double Bass Technique: Concepts and Ideas (1991)
Murray Grodner – Comprehensive Catalog of Music, Books, Recordings an Videos for the Double Bass (2000)
Norton/Grove Handbooks in Music– Performance Practice, Music after 1600 (1989)
Paul Brun – A New History of the Double Bass (2000)
Portnoi, Henry – Creative Bass Technique (1978)
Stanton, David – The String Double Bass (1982)
Periódicos: Double Bassist e Bass World
3. Costumo iniciar o aluno com o método do Simandl, depois os 30 estudos do mesmo autor, e o método de escalas do Rollez 2 º volume, depois os estudos do Slama. Existem muitas peças para iniciantes, mas quero ressaltar as obras de
Ernst Mahle (As melodias da Cecília, Concertino sobre atirei um pau no gato, duetos…).
Há também as peças do Ricardo Vasconcelos, em estilo popular. Prossigo com sonatas barrocas fáceis, depois com o Concerto de Capuzzi ou o de Cimador, depois o de Pichl e por aí vai.
Transcrevo a seguir o meu programa de bacharelado para você ter uma idéia:
Estudo de escalas e arpejos até três oitavas (Rollez, Shmuklovsky, Trumpf, Levinson, Madenski).
Estudo de golpes de arco (Trumpf, Billé 2º volume, Moechel).
Estudo da técnica do capotasto (Simandl 2º volume, Petracchi, Grodner).
Estudos de mecanismo e agilidade em ordem progressiva (Slama, Montanari, Storch, Simandl – Gradus ad Parnassum).
Estudos transcendentais e de virtuosidade (Nanny, Findeisen, Mengoli, Caimmi, Caprichos de Nanny e Billé)
Peças do repertório segundo a relação em anexo.
Estudo do repertório orquestral e camerístico.
Repertório mínimo:
1 concerto clássico (Pichl, Dittersdorf, Dragonetti, Vanhal, Hoffmeister)
1 concerto romântico ou moderno (Bottesini, Koussevitzky, Hertl, Tubin, Mahle, Français, Widmer, Villani Cortes)
1 sonata barroca ou clássica (Bach, Vivaldi, Eccles, Telemann, Haendel, Sperger, Boccherini)
1 sonata romântica ou moderna (Schubert, Dillmann, Misek, Cesar Frank, Hertl, Montag)
2 estudos virtuosísticos ou caprichos (Billè, Nanny, Caimmi)
2 movimentos da suíte de Hans Fryba
2 movimentos das suítes de Bach para violoncelo
2 peças do século XX ou contemporâneas
2 peças brasileiras
4 peças românticas de salão, sendo 2 virtuosísticas
O aluno tem que tocar um mínimo de três recitais durante o curso
4. O que é atual hoje, já não será amanhã.
A técnica do contrabaixo está evoluindo muito rapidamente, e eu fico muito impressionado quando vou a alguma convenção internacional.
Para você ter uma idéia, quando eu estudei o concerto de Bottesini, pouca gente o tocava por aqui. Hoje em dia é uma peça que todo aluno de bacharelado tem que tocar.
Lá fora, há jovens tocando peças que ninguém imaginava possíveis no contrabaixo. Há muitas peças novas, como as do compositor Frank Proto, que são bastante tocadas hoje em dia.
Há também muitas transcrições de peças virtuosísticas do repertório do violino e do violoncelo. No Brasil há três concertos relativamente novos: o de Ernst Mahle, o de Villani Côrtes e o de Ernst Widmer.
Dos três prefiro o primeiro, não só porque foi dedicado a mim, mas porque é o mais bem escrito para o contrabaixo. Ele é virtuosístico sem ser muito difícil. Quanto a métodos, embora eu prefira os tradicionais, há muita gente usando os do François Rabbath, contrabaixista cuja escola tem muitos adeptos no mundo inteiro, mas, principalmente, nos Estados Unidos.
Ufa, acho que acabei esta!
Um abraço, Thiago!
Lucas Oliveira
Olá mais uma vez, Arzolla.
Gostaria que você comentasse sobre o vibrato e o capotasto.
Como você recomenda o estudo do vibrato?
Antonio Arzolla
Oi, Lucas.
O vibrato na maioria dos casos aparece espontaneamente.
Quando o aluno não consegue a flexibilidade para vibrar prontamente, ele provavelmente vai precisar de muita paciência para dominar o problema.
De qualquer forma, ele deve evitar o vibrato nervoso, espasmódico.
Quando há dificuldade, sugiro treinar devagar, contando as oscilações.
Há vários exercicíos, como por exemplo, passar de um dedo para outro sem parar o vibrato, ou treinar a independência do vibrato em relação ao arco.
Outra coisa que ajuda, é treinar na própria música, de uma forma detalhada, nota por nota e dedo por dedo.
Se o problema for amplitude, pode-se levantar o cotovelo, deixando a mão oblíqua em relação ao braço, o que aumentará a área de contato do dedo com a corda, e conseguentemente a amplitude do vibrato. Isso funciona bem com os dedos 1 e 2. Às vezes, a dificuldade persiste por anos, se o aluno não enfrentar o problema e não buscar a solução treinando diariamente.
Lembro que a posição dos dedos para o vibrato é um pouco mais deitada, de forma a atingir a corda com mais “polpa” de dedo.
Quanto ao capotasto, gosto de deixar o polegar perpendicular à corda e os outros dedos alinhados a esta, como posição de “mano ferma”.
Se for vibrar, adote uma posição oblíqua como no caso anterior referente ao vibrato.
Procure não “quebrar” os dedos, deixando-os curvos e mais ou menos em pé (de novo, isso exclui a posição de vibrato).
Ainda sobre o vibrato no capotasto, procuro deixar o polegar na corda como apoio para o dedo que estiver fazendo a oscilação, a uma distância aproximada de um tom.
É importante coseguir relaxar o braço esquerdo na posição do capotasto, tentando usar o peso do braço para pressionar a corda e não a ação muscular.
Para conseguir suportar o contato do polegar com a corda, devemos calejá-lo primeiro, evitando possíveis bolhas. Para que consigamos um calo em vez de uma bolha, temos que estudar na região do capotasto inicialmente em doses homeopáticas.
Espero que tenha sido claro…
É difícil discorrer sobre técnica de forma não presencial!
Grande abraço
Felipe Escovedo
Olá Arzolla!
Quais métodos você usa ?
Qual a importância da respiração e quais exercícios de respiração posso fazer sem o baixo?
O que devo evitar para não criar vícios no instrumento ?
O que faço com o baixo acústico que vai chegar aqui em casa dentro de 15 dias: toco ele todo dia ou espero por alguma orientação para não criar vícios?
Agradeço desde já ao Arzolla e a comunidade Mulheres no Contrabaixo, pela grande contribuição na formação de novos músicos (contrabaixistas).
Antonio Arzolla
Oi, Felipe.
Aí vão as respostas:
“Quais métodos você usa?”
Já respondi a essa pergunta.
“Qual a importância da respiração e quais exercícios de respiração posso fazer sem o baixo?”
A importância da respiração é nos manter vivos. O ideal é que a respiração não interfira na performance do instrumento.
Ela deve ser a mais tranquila possível o tempo todo, para nos deixar relaxados.
Há alunos que são muito tensos e acabam criando uma vinculação entre as inspirações e os movimentos da performance. Nesse caso, talvez seja necessário que o aluno procure alguma terapia respiratória com ioga, por exemplo.
Um exercício bom para relaxar a tensão é tentar fazer inspirações e expirações regulares e simétricas, e tão longas possível.
“O que devo evitar para não criar vícios no instrumento?”
Estudar com calma, sem atropelar seu ritmo natural, e usar um espelho para conferir se está seguindo as orientações do professor quanto à postura do corpo e ao posicionamento das mãos.
“O que faço com o baixo acústico que vai chegar aqui em casa dentro de 15 dias: toco ele todo dia ou espero por alguma orientação para não criar vícios?”
Bem, a essas alturas já deve ter chegado. Você pode brincar com o baixo, mas para estudar a sério é necessário ter a orientação de um professor semanalmente.
Abraço, Felipe.
Voila Marques
Arzolla,
Qual é a sua referência para um arco “reto”: o espelho ou o cavalete?
Você trabalha com alguma angulação específica?
Como você faz para “equilibrar” o arco? Existe algum dedo mais importante ou todos têm a mesma função?
Ao executar um fortíssimo, você costuma jogar mais o peso do corpo para algum dedo ou você o joga para a mão como um todo?
Você acha possível um contrabaixista pequeno e magro ter um sonzão? Uma boa técnica pode se sobrepor à constituição física do instrumentista?
Antonio Arzolla
Oi, Voila!
Transcrevo suas perguntas e respondo:
“Qual é a sua referência para um arco “reto”: o espelho ou o cavalete?”
Penso no arco perpendicular à corda.
“Você trabalha com alguma angulação específica?”
É importante o aluno saber que na mudança de corda a mão tem que se ajustar para o arco continuar perpendicular.
Há alunos que não conseguem deixar o arco perpendicular à 1ª corda, mas peço para esticarem o máximo possível o braço.
“Como você faz para “equilibrar” o arco? Existe algum dedo mais importante ou todos têm a mesma função?”
Como não uso muita pronação, os dedos têm quase a mesma importância, mas não necessariamente a mesma função.
Na mudança de corda, por exemplo, o mindinho e o anelar (ou anular?) se flexionam mais.
“Ao executar um fortíssimo, você costuma jogar mais o peso do corpo para algum dedo ou você o joga para a mão como um todo?”
Para a mão toda, mas caminhando para a ponta penso mais na transmissão do peso das costas pelo braço todo.
“Você acha possível um contrabaixista pequeno e magro ter um sonzão? Uma boa técnica pode se sobrepor à constituição física do instrumentista?”
Pequeno, sim, mas magro já é mais difícil. Porém, acredito que uma boa técnica ajuda bastante.
Voila Marques
Arzolla,
Sei que vc teve uma excelente formação musical na Escola de Música de Piracicaba, instituição de referência no ensino musical do Brasil.
Qual foi a importância de uma boa formação musical no seu estudo do contrabaixo?
Você acha a formação musical prévia algo essencial ou recomendável para quem quer estudar contrabaixo?
Você já ensinou contrabaixo para pessoas sem formação musical? O que achou?
Quais as suas dicas para melhorar a afinação?
Quais contrabaixista te impressionaram nessa sua vida contrabaixística?
Obrigada e beijocas contrabaixísticas
Antonio Arzolla
Voila,
“Sei que vc teve uma excelente formação musical na Escola de Música de Piracicaba, instituição de referência no ensino musical do Brasil.
Qual foi a importância de uma boa formação musical no seu estudo do contrabaixo?”
Quando cheguei aqui para fazer a faculdade, já tinha estudado, além do contrabaixo, teoria e solfejo, harmonia, história da música e piano. Isso me ajudou bastante a entender as coisas que aprendi na faculdade.
“Você acha a formação musical prévia algo essencial ou recomendável para quem quer estudar contrabaixo?”
Para quem vai começar a estudar, é bom ter leitura fluente e percepção também (solfejo e ditado). O certo seria todo mundo pegar uma partitura e sair cantando, mas a gente sabe que na realidade tem muita gente que não consegue.
Os outros conhecimentos, como harmonia, análise e história da música são importantes num nível mais avançado.
“Você já ensinou contrabaixo para pessoas sem formação musical? O que achou?”
Em cursos de férias, às vezes pego pessoas do zero total. Ensinar o básico é fácil, mas avançar é impossível para mim.
Pode ser que outros professores consigam.
“Quais as suas dicas para melhorar a afinação?”
Quem consegue cantar afinado vai tocar afinado também, a menos que o problema seja técnico (quando a mão não chega).
Às vezes, o problemá está no modo como a pessoa estuda. Se ela não corrige a desafinação quando está estudando, nunca vai tocar afinado.
“Quais contrabaixista te impressionaram nessa sua vida contrabaixística?”
Muitos. Na última convenção americana que assisti (em 2007), tinha jovens alunos tocando horrores, além de feras como o Catalin Rotaru, o Joel Quarrington, o Thierry Barbé, o Ed Barker, o Volkan Orhon. Isso sem contar com os que eu já
conhecia de outros carnavais e que já mencionei em outra resposta.
Bem…é isso, Voila.
Um beijo
Voila Marques
Arzolla,
Como estamos encerrando agora o prazo para perguntas na comunidade, nós da ‘Mulheres no contrabaixo’ gostaríamos de saber se você tem mais alguma coisa importante, toque, dica, conselho, etc, para falar para os contrabaixistas…
Aguardamos as suas respostas!
Obrigada e beijocas contrabaixísticas
Voila Marques
Arzolla,
Não sei se você concorda, mas achei engraçado constatar que, quanto mais se estuda, mais se percebe os erros ou as falhas!
Como você costuma resolver os seus problemas contrabaixísticos?
Quando um trecho não está muito bom, você costuma pensar claramente em como você quer o resultado, ou você vai descobrindo aos poucos o que você quer?
Você estuda diversas vezes o mesmo trecho ou você tem preferência por fazer exercícios variados, mas com o mesmo objetivo?
Já aconteceu de você ouvir gravações para ver como outros contrabaixistas resolviam o trecho que você estava com algum tipo de problema?
Como você acha interessante um aluno preparar um concerto ou uma peça difícil: primeiramente como um estudo, ou desde o início você já aborda aspectos interpretativos?
Qual a sua “rotina” de aula, ou melhor, o que você costuma ouvir semanalmente por aluno?
a) estudos de escalas, arpejos e intervalos;
b) estudos de golpes de arco e arcadas variadas;
c) estudos melódicos;
d) peças ou partes de orquestra;
e) abordagem de problemas técnicos específicos.
Obrigada e beijocas contrabaixísticas!
Antonio Arzolla
Voila,
“Não sei se você concorda, mas achei engraçado constatar que, quanto mais se estuda, mais se percebe os erros ou as falhas!”
Sim, por que não há limite para o aprimoramento.
“Como você costuma resolver os seus problemas contrabaixísticos?
Quando um trecho não está muito bom, você costuma pensar claramente em como você quer o resultado, ou você vai descobrindo aos poucos o que você quer?”
Tenho uma ideia do que fazer musicalmente, mas a gente tem que se amoldar às possibilidades técnicas.
“Você estuda diversas vezes o mesmo trecho ou você tem preferência por fazer exercícios variados, mas com o mesmo objetivo?”
Só como último recurso, porque prefiro tocar várias vezes a peça, e ir aprimorando os trechos com essas passadas. Mas para isso, é preciso antever sempre esses trechos problemáticos, para ir melhorando a execução deles aos poucos.
“Já aconteceu de você ouvir gravações para ver como outros contrabaixistas resolviam o trecho que você estava com algum tipo de problema?”
Sim, e incentivo os alunos a fazer isso também. Não só para problemas, mas como para a interpretação geral.
“Como você acha interessante um aluno preparar um concerto ou uma peça difícil: primeiramente como um estudo, ou desde o início vc já aborda aspectos interpretativos?”
Começo com a leitura, tentando acertar os ritmos, a afinação, as arcadas e dedilhados. Tendo resolvido isso, passo para a interpretação. Mesmo porque a maioria dos alunos só consegue pensar em interpretação quando os outros problemas estão resolvidos.
“Qual a sua “rotina” de aula, ou melhor, o que vc costuma ouvir semanalmente por aluno?”
Escalas e arpejos, estudo de arco, estudos melódicos, outros estudos (capotasto por exemplo), partes de orquestras eventualmente, e repertório.
Bem, Voila, mais uma vez obrigado pela oportunidade.
Saudações contrabaixísticas!
Voila Marques
Gostaríamos imensamente de agradecer ao nosso querido Arzolla por ter aceito o nosso convite e pela sua valiosa participação contrabaixística aqui conosco!
A ‘Mulheres no contrabaixo’ estará sempre com as suas páginas contrabaixísticas abertas para recebê-lo!
Gostaríamos também de agradecer a participação dos nossos colegas contrabaixistas Ronnie Oliveira, Lucas Oliveira, Thiago Correia, Felipe Escovedo e Voila Marques que, com suas perguntas, contribuíram para o sucesso e o ótimo nível do nosso segundo “Linhas de Baixo”!
Abraços e parabéns contrabaixísticos!
Lucas Oliveira
Oi, Arzolla. Muito obrigado pelas respostas.
Abração
Antonio Arzolla
Disponha, Lucas!
Um abraço
Voila Marques
Obrigada pelas respostas às minhas perguntas, Arzolla!
Adoro ler as coisas que você escreve!
Sua entrevista foi ótima!
Beijocas contrabaixísticas”