Quando a gente pensa em estudar contrabaixo, uma dúvida frequente é sobre a necessidade de comprar um contrabaixo:
“Compro ou não compro um contrabaixo para estudar?”
Se for comprar, compre logo, enquanto você ainda tem excesso de disposição e/ou dinheiro para isso.
Se não for comprar, alugue um ou arranje um emprestado.
Se você não for bem sucedido nas opções acima, aproveite para se matricular em uma escola de música que tenha contrabaixo disponível para estudo e, se possível, que tenha um professor de contrabaixo legítimo, e não um professor genérico de contrabaixo (violinistas, violistas, violoncelistas, tubistas, trombonistas, pianistas, etc, que ensinam contrabaixo).
Depois disso, arranje dois horários por semana, no mínimo, para ir à escola estudar.
Ainda não criaram o curso de contrabaixo da Nasa, para que você o aprenda dormindo, a exemplo de uns controvertidos cursos de idiomas.
Eu até acredito que algumas soluções musicais possam acontecer em sonho, mas sair tocando o que você não estuda ou nunca estudou, é bem pouco provável de acontecer…
Sendo assim, se você quer ser contrabaixista, haverá necessidade de algum investimento, nem que seja de disposição para estudar.
“Vale a pena comprar um contrabaixo barato e de qualidade ruim?”
Você não está sem grana e precisando de um contrabaixo baratinho?
Quando você resolver vender o seu contrabaixo baratinho, alguém estará precisando de um, da mesma forma que um dia você precisou.
Contrabaixistas abastados são exceção, assim como estudantes de contrabaixo ricos.
O contrabaixo pode ser o amor da sua vida mas, mesmo assim, você deve pensar no seu bolso na hora de comprá-lo. O coração não costuma fazer bons investimentos financeiros.
A compra do contrabaixo é um investimento e deve se pagar por ele o preço, no máximo, justo.
Se você puder comprá-lo por um valor menor que o justo, melhor para você e pior para quem o está vendendo, mas quando se vende um instrumento se sabe que o valor depende de oportunidade, e da velocidade com que se precisa vendê-lo.
Quando se vende o contrabaixo, deve se tentar vendê-lo pelo valor, no mínimo, justo.
Se você conseguir vender o seu contrabaixo por um valor acima do mercado, melhor para você e bem pior para o otário que um dia terá dificuldades para encontrar um semelhante.
Para evitar problemas e dores de cabeça no futuro, procure se certificar da qualidade e da procedência do instrumento, e evitar eventuais problemas, às vezes “ocultos”, levando o elefantinho almejado a um luthier, ou a seu professor, ou mesmo a um colega contrabaixista que entenda bem de contrabaixos.
Um contrabaixo de boa qualidade, com problemas graves de falta de manutenção (afundamento de tampo, deslocamento da barra harmônica, braço empenado, rachaduras grandes, etc.), por exemplo, é certeza de gastos extras um dia.
Dependendo do grau do problema, ele pode apresentar problemas de repente e te atrapalhar, e muito.
Essas coisas sempre acontecem quando se tem um monte de despesas para pagar.
Se você não vai conseguir bancar gastos excessivos, é mais seguro optar por um instrumento dentro do seu orçamento, incluindo nisso as despesas com a manutenção do fofo.
“Mas não é melhor comprar logo um contrabaixo bom para estudar?”
Se você tiver possibilidades e certezas, sim.
Agora, se você for como a maioria dos estudantes, que ainda não têm muita certeza do real interesse em ser contrabaixista e, aliado a isso, ainda está sem dinheiro, console- se com um contrabaixo simplesinho. Além de se livrar de dívidas inconvenientes, poderá ser mais fácil dele ser vendido, caso você desista de estudar contrabaixo, ainda mais se você desistir na vigência das dívidas.
Se você optar por comprar um contrabaixo melhor, continue pensando no lindo como um investimento. Já que você vai gastar dinheiro com isso, pense também em comprar um contrabaixo não descartável, que fique bastante tempo com você, ou que possa no futuro vir a ser o seu segundo contrabaixo. É sempre bom ter mais de um. Muitas das vezes, você precisará de um em casa para estudar, e de um na “rua”, para trabalhar (orquestras, shows, casamentos, etc.).
“Mas não é melhor ter um contrabaixo ruim para estudar, porque quando se comprar um instrumento bom, aí fica tudo mais fácil de ser tocado?”
Penso que ter um contrabaixo bom na vida é uma oportunidade que você teve ou está tendo para isso.
Ter um contrabaixo ruim é uma falta de oportunidade de ter um contrabaixo bom, ou uma oportunidade para isso que foi desperdiçada.
E oportunidade é oportunidade. Se possível, você aproveita e pronto!
Para quem tem um contrabaixo ruim, deve ser um consolo e uma esperança saber que um dia as coisas vão melhorar com um contrabaixo melhor. Até a disposição para estudar muda!
Quem tem um contrabaixo bom logo no início só antecipou essa situação.
Agora, ficar com um contrabaixo ruim, ao invés de um melhor, porque isso vai torná-lo um contrabaixista melhor, é uma penitência incerta.
Você já toca um instrumento grande, ruim de carregar, que fica fazendo pum-pum-pum no fundo de uma orquestra, e você ainda quer tocar num instrumento ruim para melhorar como contrabaixista?
Conselhito: fique com o contrabaixo bom e arranje um chicote para as suas horas mais masoquistas, ou vá estudar mais para se penitenciar do pecado de ter gastado uma grana num… contrabaixo!…
Sabe aquele ditado que diz “junte-se aos bons e seja um igual”?
Junte-se ao contrabaixo – bom ou não-, e seja um contrabaixista…
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