Postagens de julho, 2012


Notícia postada no site www.diariodepernambuco.com.br

Rinat Ibragimov, principal contrabaixista da Orquestra Sinfônica de Londres, nunca veio ao Brasil. Sua primeira apresentação no país não será em São Paulo, no Rio de Janeiro e nem no Recife. O músico, que nasceu na Rússia, fará sua estreia brasileira no agreste de Pernambuco, no município de Gravatá. Esse é o tipo de milagre proporcionado pelo Festival Virtuosi. (…)

Em 2012, a programação tem um dia a mais que em 2011. A igreja costuma lotar e um telão sempre é montado do lado de fora.

Tem tudo para ser histórica a edição 2012 do Virtuosi de Gravatá, mas em 2013 o festival será ainda mais importante. No ano que vem, o evento poderá ocupar a nova concha acústica do município, com capacidade para 2,5 mil pessoas, que será inaugurada no segundo semestre, segundo Jaime Prado, secretário de planejamento da prefeitura. Um teatro, com 3 mil lugares (será o maior de Pernambuco) também está nos planos da cidade, no local onde funcionava um antigo matadouro. O projeto arquitetônico está pronto, mas ainda não há previsão para o início das obras.”

Na programação, haverá também o contrabaixista Brandon Statom.

PROGRAMAÇÃO

IV Festival Virtuosi de Gravatá
Rafael Garcia, diretor artístico
13 a 22 de julho 2012
Igreja Matriz de Sant’Ana
Homenagem aos 100 anos de Luiz Gonzaga

(…)
Quinta-feira, 19|07, às 19h:

Peter Ilyich Tchaikovsky – Serenade Melancolique
Ernst Bloch – Nigun da Suite Baal Schem
Johannes Brahms – Scherzo em dó menor da Sonata FAE
Franz Drdla – Fantasia sobre temas da ópera Carmem de Bizet
Alessandro Borgomanero, violino
Tian Lu, piano
Daniel Guedes & Mario Ulloa
O violino e o violão na música brasileira
Gioacchino Rossini [1792-1868]  – Sonata nº 1 para cordas
Alessandro Borgomanero, violino
Caroline Chéhadé, violino
Katarina Bundgaard, violoncelo
Rinart Ibragimov, contrabaixo
Gioacchino Rossini [1792-1868] – Dueto em ré maior para cello e baixo
Leonardo Altino, violoncelo
Rinart Ibragimov, contrabaixo

Sexta-feira, 20|07, às 19h:

Gilles Apap & Transsylvannian Mountain Boys
Obras de Bartok, de Falla, Ravel, música cigana e música tradicional
Gilles Apap, violino
Chris Judge, violão
Brandon Stantom, contrabaixo
(…) “

"How can I play with this stringless Cello...?" - pintura feita a giz de cera por Satheesh Paul

Texto postado na Revista FCBR.

Meu contrabaixo amanheceu cantando feliz, e estranhei tamanho entusiasmo matinal…

Depois, me lembrei de que, nos últimos 20 anos, ele só tocara na orquestra com o Seu Tibúrcio, mais precisamente durante todas as manhãs, de segunda a sábado.

Desconfiei que estar comigo significasse para ele viver em férias musicais e só fazer passeios bem amadorísticos…
Concluí que, enquanto luto para estudar e passar para uma orquestra, ele só quer saber de se abanar com a partitura!…
Êta contrabaixo mais vagabundo esse que eu fui arranjar!…

Preferi não pensar nisso tudo, para não ficar deprimida. Resolvi aproveitar o bom humor dele, e protelei um pouco o estudo, jogando conversa fora:

– Você hoje tá mais italiano que Bottesini, heim?
– São as boas lembranças, menina!
– E que boas lembranças o trazem tão cantador e encantador assim hoje?

– Ô Duda, já que você falou em Bottesini, me lembrei de Dragonetti, de Marcello… Sabe, não gosto mais de orquestra, mas adoro um solo bem tocado!… E, por falar nisso, quando é mesmo que vamos sair dos pum-pum-puns e ronc-roncs e dessa monotonia dos métodos de contrabaixo, heim?
– Erga as mãos para São Nico, porque o dia em que eu estiver tocando bem alguma coisa, seus dias sem orquestra acabarão!…

– Ah, mas nós podemos tocar bem só em casa, e eu bem que posso boicotar a sua ida para uma orquestra, ora!
– Como assim??
– Fazer como um amigo do Tibúrcio nos ensinou…
– Vai falando antes que eu resolva te colocar na vitrine daquela loja de novo!…

– O Tibúrcio tinha um grande amigo na orquestra, o Donatto, um italiano mafiosíssimo… Os contrabaixistas sempre ficam amigos dos violoncelistas. Acho que os violoncelistas gostariam de tocar contrabaixo e os contrabaixistas têm uma quedinha pelo violoncelo…
– E o que o tal do Donatto tocava?
– Oficialmente, ele tocava violoncelo mas, na prática, ele tocava muita nota fora, e de propósito, só para testar os maestros. Se fosse um bom maestro, ele ainda continuava a tocar uma nota ou outra fora, só para protestar à sua maneira contra os maestros.
– Por quê?
– Porque ele não suportava mafioso concorrente…
– Sério?
– Sim, e quando o maestro era ruim, aí é que ele tocava nota fora a torto e à direita, para provar que quem mandava lá era ele. Só que ele só mandava mesmo eram as notas ruins, e como maestro ruim nunca notava as notas fora, aí sobrava para o resto da orquestra aguentar as peraltices do Donatto…

– Mas nunca tentaram mandá-lo embora?
– Ele era um dos músicos fundadores da orquestra sem contar que, numa época de vacas magras orquestrais, ele ia ensaiar todos os dias, enquanto muitos colegas ficavam em casa, por causa da falta de salários. E para o bota-fora dele, o fundo de garantia atrasado da orquestra teria que dar uma festa!
– E…
– E aí que a administração da orquestra se sentia endividada por tamanha dedicação do Donatto e, endividada por outros motivos também, passou a fazer vista grossa para todas as estripulias dele…

– E, além de tocar nota fora, o que mais ele fazia?
– Como um bom italiano, virava-se sempre para trás, só para ver as pernas da Eufrásia, que ficavam abertas para tocar violoncelo. Não contente com isso, ainda beliscava a parte de trás de todas as musicistas que entravam para orquestra, numa época em que não se falava sobre o tal do assédio sexual. Depois, ainda dava uma nota para a candidata!…
– E ninguém fazia nada com o colecionador de beliscões?

– Bem, nunca soubemos o que aconteceu na sala dos músicos no dia em que o Donatto e a Gardênia ficaram sozinhos. Ela era uma violinista grandalhona, feia e filha de alemães. Tinha entrado para orquestra há bem pouco tempo. Dizia-se, à boca pequena, que o teste para entrar para a orquestra era mais fácil que passar pelo teste do Donatto, que tinha uma mão bem pesada.
– E aí?
– Ninguém viu nada, mas alguns disseram que ouviram uns gritos abafados vindos da sala e, logo depois, viram a Gardênia sair ajeitando a saia, enquanto o Donatto demorou a sair de lá.
– …
– Ninguém entrou na sala, com receio de constatar que o Donatto, além de feio daquele jeito, poderia o ser também por inteiro. E, de repente, lá saiu o Donatto, mancando e curvado, quase a cheirar o chão, gemendo e a segurar a sua própria vítima completamente nocauteada, enquanto a Genoveva, babando vingança, perguntava para ele qual era a nota do beliscão que ele tinha acabado de levar da outra…

– Uau!
– Depois desse dia, ele só cantava a mulherada, mas nunca mais colocou a mão em nenhuma, só os olhos.
– Que bom, né?
– E mesmo já velhinho, continuava a ser inconveniente com as suas cantadas, mas ninguém o levava a sério. Dizem que ficou traumatizado e fora de combate desde o amasso da Gardênia.

– Nossa… Mas o que você aprendeu sobre boicote com o Donatto?
– Tinha entrado um violoncelista novo na orquestra, para ser chefe de naipe…
– Ele fez o teste com o cara também?
– O Donatto não levava jeito para essas coisas, mas ele e o Malaquias não se bicavam de jeito nenhum. As línguas mais ferinas diziam que o Malaquias é que levava jeito, e que não gostou de ser rejeitado.

– Nossa…
– O fato é que o cara começou a perseguir o Donatto e a reclamar das notas desafinadas dele no meio dos ensaios. E as reclamações se intensificavam quando o Donatto se virava para ver as pernas abertas da Eufrásia. Um dia, o Malaquias teve um ataque de pelancas quando o Donatto olhou para o decote sem recheio da Efigênia, logo depois da hora do café, o que podia, por si só, ser considerado motivo de indigestão – e sem remédio -, menos aos olhos míopes e vesgos do Donatto e ao ciúme do Malaquias…
– E o que aconteceu?
– Os dois começaram a discutir no meio do ensaio, com o Malaquias a reclamar o tempo todo das notas erradas do Donatto, que passaram a virar uma metralhadora de nota fora.

– E o boicote?
– Chegou o dia em que o Malaquias foi solar com a orquestra o Concerto para Violoncelo, de Lalo. Ninguém sabe como, mas o Donatto descobriu que o Malaquias usava uma “cola” no violoncelo, feita com giz, para não errar as passagens mais comprometedoras.
– Hum…
– Pois é, na noite do concerto, teatro lotado, o Donatto deu um jeito de apagar as marquinhas de giz, e passar todas elas mais para o fim do espelho, exatamente quando o violoncelo do Malaquias estava deitado no chão, na penumbra da coxia, minutos antes dele adentrar o palco para fazer o solo.
– E onde ele estava?
– Tinha ido ao banheiro, chance de ouro do Donatto. O Malaquias foi ao banheiro antes, mas cagou mesmo a música foi na hora do solo. De tão ruim, ele foi despedido logo após o concerto.

– Ah, então você vai boicotar a minha prova só porque eu faço o mesmo? Você vai mesmo ter coragem de apagar as marquinhas que coloquei em você?
– Sabe, estou meio cansado dessa pintura indígena, menina!
– E eu estou quase me sentindo ameaçada… Mas o que aconteceu com o Donatto?

– Ficou ainda muitos anos na orquestra. No dia em que ele morreu, a orquestra fez – a pedido dele – não aquele minuto de silêncio usual, mas sim um minuto de bagunça, com todos tocando o que queriam ao mesmo tempo. E o maestro dessa vez notou que o som da orquestra estava diferente!

Meu contrabaixo encerrou o assunto e voltou a cantarolar à italiana, talvez numa homenagem às suas próprias memórias e histórias…
E eu fiquei aguardando a próxima, não sem o receio dele fazer uma autobiografia e contar que eu uso marquinhas no contrabaixo para estudar…

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Segredos Contrabaixísticos de Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.

Texto postado na Revista FCBR.

Hoje é meu dia, dia de Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc em concerto da orquestra jovem.
Teatro Municipal, orquestra com piano solo, 2º movimento.
Música suave e lenta e silêncio absoluto na plateia.

Uma emoção muda salta aos meus olhos, entre uma nota e outra e, no meio daquela partitura, falta-me fôlego para descrevê-la.
Parte das notas aparece e desaparece. Enxergo umas notas, perco outras, adivinho mais outras, e a concentração indo embora a cada nota tocada ou não tocada…
Enxergo mal. Apreensão. Mal-estar.

Olho para o contrabaixista ao meu lado, que sequer tira os olhos da partitura.
Que fazer? Sair do palco? E se eu desmaiar agora?

Se a música ficasse barulhenta e ensurdecedora, eu poderia dizer alguma coisa, balbuciar, sei lá…

Mas os contornos suaves da música e a sisudez dos princípios orquestrais estavam todos ali, a me impedir de levantar o traseiro do banco de contrabaixo.
A mesma maldita sisudez orquestral que não nos deixa sair do palco nem com crise de tosse.
A tosse que aprenda a se pronunciar nos “tuttis” orquestrais e a usar a sordina no restante da música.
Orquestra não é lugar de tosse mal-educada!

E o mal-estar aumentando… Cada vez mais as notas somem e aparecem.
As linhas da partitura, antes retas, ficam desconexas: uma linha para lá e outra para cá. As linhas se mexem. Jogo da velha? Alfabeto japonês?

Agora, a estante preta de música começa a ficar marrom.
Linhas que se mexem, mancha marrom que escorrega. Taquicardia.

O arco fica impreciso e a mão esquerda… Que mão esquerda? Pianista? Onde?
Olho para a esquerda e vejo o rabisco japonês na estante ao lado.

Começo a ter vertigens musicais e a achar que parte do naipe se perdeu na contagem dos compassos. Será?
E os jogos da velha e os palitos japoneses a oscilar entre uma estante e outra de contrabaixos. Delírio?

E a música que não acaba…

De repente, um tutti da orquestra em fortíssimo súbito, acompanhado do barulho de um sapato masculino: plac – splash!
A música que nos desculpe, mas a sapatada foi fundamental.

E a cascuda encerra ali sua vida de baratarina.

Recomeço a ler sem antenas a me atrapalhar.
O concerto continua como se nada tivesse acontecido, e sem marcha fúnebre…
O concerto deve sempre continuar…

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"Homem Idoso", de Guilherme Roemers

Texto postado na Revista FCBR.

Quando comecei a tocar contrabaixo, o Seu Tibúrcio já era um contrabaixista bem velhinho de orquestra, mas eu mesma não cheguei a conhecê-lo.
Quem me contou essa história, entre uma passada de resina e outra, foi meu contrabaixo.

– Nossa, você conheceu tanto contrabaixista!
– Nem te conto, menina!
– E como ele era?
– Fiquei com ele nos últimos vintes anos dele na orquestra, depois que o Seu Sinhozinho resolveu se livrar da coleção de contrabaixos dele e me trocar – justo eu – por um fusca velho com o Tibúrcio. Cheio de manias e ranzinzices, implicava com tudo e todos… Ele era uma Dona Marieta, só que de casaca, sabe?

E meu contrabaixo, inspirado pelas lembranças, continuou:
… Ele sempre chegava duas horas antes do ensaio começar.
Nunca soubemos o exato porquê disso, mas as más-línguas orquestrais diziam que ninguém o suportava em casa, até que um dia ele passou a morar sozinho.
Com os anos, desenvolveu um ódio mortal pela ex-mulher e parece que a recíproca era mais que verdadeira.

Dos filhos, ficou a distância cada vez mais distante, acentuada pelo fato do pai morar tão longe – duas quadras físicas, a milhas de esquecimento mútuo e pertíssimo da praia, que ele não frequentava desde que os filhos eram pequenos, por conta dos ensaios matinais da orquestra.

Talvez nem ele mesmo se suportasse em casa, mas o fato é que resolveu a solidão constante fixando moradia no bar em frente de casa, local em que almoçava após o ensaio, bebia após o almoço, lanchava após a bebida, jantava após o lanche e bebia, até que, a passos pra lá de trôpegos e cansados, voltava para casa.

Nós só nos víamos na orquestra. Eu ficava na caixa, aguardando que ele me tirasse de lá, religiosamente duas horas antes dos ensaios, de segunda a sábado, e dos dias de concerto. Aos domingos, ele ia estudar o sabor da cerveja durante o dia inteiro, e eu tirava para dormir um sono sem pesadelos com contrabaixistas e maestros.

Convivíamos durante cinco horas diárias, às vezes bem mais que isso, principalmente quando tocávamos concertos de piano na orquestra, e os pianistas davam bises de cinco longas músicas, para desespero dos músicos que perdiam a condução usual para casa, e para delírio do público – que sequer pensava nos músicos, e nem devia saber que a maioria morava bem longe -, e deslumbre do pianista, que viajava nos aplausos, enquanto se lixava para os músicos, e para o público a cada vaidosa nota tocada com os olhos grudados em seus próprios dedos.

Eu mesmo só perdia a paciência quando isso acontecia, mas Tibúrcio perdia a saideira usual de todas as noites menos aquela, o que o deixava mais casmurro e resmungão.
Talvez eu tenha sido o melhor amigo dele nos últimos vinte anos, depois do amigo copo de cerveja, é claro, e cheio…

– Que triste isso… – falei.

Nesse momento, meu contrabaixo quase chorou, mas logo voltou às suas lembranças:

Durante os seus cinco últimos anos de orquestra, Tibúrcio começou a colecionar manias uma atrás da outra, muitas que geravam chacota dos colegas da orquestra, mas ele nem se importava. Vivia cada vez mais em um mundo à parte, onde só cabiam as suas esquisitices.

Ele nunca foi um talento de contrabaixista mas, com o caminhar dos anos, passou a cacarejar as notas no contrabaixo com um som horrível e sofrido, até que se especializou em cacarejar com o arco somente na ponta. Acho que ele queria comprovar que elefante cacarejava…
Esse, digamos, desenvolvimento instrumental dele, quando não acompanhado dos tais gracejos e comentários maldosos, passou a ser seguido por olhares constrangidos entre os colegas. Quando ele incorporou de vez o seu incômodo modelito de tocar, todos então passaram a fingir que nada acontecia. Felizmente, ele não deixou discípulos e nem fãs da técnica.

Daí, começaram as implicâncias dele com a estante de música. Ele a puxava só para si, e o colega de estante que tentasse adivinhar ou decodificar à distância o que estava escrito na partitura.
Com isso, se intensificaram as intrigas e futricas no seu naipe de contrabaixo, e os colegas então passaram a fazer revezamento para tocar na mesma estante que ele até que, no dia em que ele colocou a estante toda exatamente na sua frente, ninguém mais quis dividir a estante com ele.
A partir daí, ele passou então a se sentar sozinho na última estante, olhos nos olhos de sua estante de estimação e bem distante dos afortunados ouvidos alheios pouco chegados a cacarejos e rosnados de contrabaixo. Um dia, sem sequer se dar ao trabalho de dizer o porquê, passou a se posicionar nos concertos bem afastado de todos, quase a cheirar a cortina do teatro. Um excêntrico entre os excêntricos…

Por essa época, também começou a carregar no bolso da camisa um papel, que passou a ler, vez por outra, antes dos ensaios. Um número de telefone? Uma lista de compras de supermercado?

A mania foi tomando corpo e, em pouco tempo, o misterioso bilhete passou a ser lido todo santo dia antes dos ensaios. Isso está com cara de bilhete de amor… Mas será? – conjecturavam os colegas.

Muitos foram os curiosos de plantão que indagaram o velho contrabaixista sobre o conteúdo daquele enigma, mas os foras e desaforos dele primeiramente passaram a ter prazo de validade de uma parte do ensaio, mas acabaram por se intensificar consideravelmente. Porém, o medo de que o velhinho tivesse um piripaque no ensaio, deixou a curiosidade alheia com um modesto lote de perguntas no início do ensaio e o montante para o ensaio seguinte, quando a metralhadora de perguntas voltava a atacar Tibúrcio, que resmungava e, pasmem, agora – para desespero orquestral – voltava a ler o malfadado bilhete novamente, atiçando mais a cada dia os comentários e a bisbilhotice dos colegas.

E dia após dia – até que completou um ano -, o encardido bilhete ia e vinha do bolso para as mãos, das mãos para os olhos e voltava para o bolso, depois de ser dobrado pela enésima vez.

Tudo foi tentado para ludibriar o pobre velho e tentar pegar o mapa do tesouro. Derrubaram as partituras da estante dele, na expectativa de que ele, ao se abaixar para pegá-las, deixasse o bilhete cair, e nada…
Derrubaram água na camisa dele, “sem querer”, na hora do lanche, mas o velhinho foi mais do que rápido em salvar sua relíquia.
Fizeram aposta, bolão, etc., e o tempo passando e o bilhete passando perto do nariz de todos, que nada conseguiam fazer para saber o conteúdo do lindo.

Um dia, o tão receado momento enfim aconteceu, quando o Tibúrcio teve um piripaque estrimilicoso no início do ensaio e partiu dessa para orquestras melhores…
Os colegas aproveitaram esse momento único e voaram para o mais que desejado bolso do colega, que jazia no chão.
Uma mão mais afoita ganhou o troféu enquanto leu, com voz trôpega e embargada, o conteúdo do bilhete para os ouvidos consternados de todos: “mão esquerda: contrabaixo; mão direita: arco”.

Como já disse eu, Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc, não conheci o Tibúrcio, mas o contrabaixo dele agora é meu…

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Texto postado na Revista FCBR.

Estudo contrabaixo numa escola.
Felizmente, o curso é de graça porque, se fosse pago, não poderia pagar as infindas prestações do meu contrabaixo. Consegui “dividívidas” por 24 meses, e então poderei finalmente ter o meu contrabaixo só pra mim, sem sociedade da loja, no próximo Natal!

Morri de amores pelo meu contrabaixo quando o vi, tristinho e deprimido, numa vitrine de loja, lá no Centro.

Das charmosas lojas de lá, sei que muitas mulheres prefeririam um casaco bonito, um chapéu ou mesmo um cachorrinho de estimação, mas eu gamei naqueles olhinhos dele que só eu enxergo, e naquele sôfrego psiu que ele me fez da vitrine, só para que eu olhasse para aquela melodramática situação operística dele na vitrine, tendo que dividir espaço com vários instrumentos, que eram capazes das mais vis atitudes, tudo por causa do malvado vitrinista, que só queria saber de amontoar os instrumentos todos na vitrine, e eles que se danassem por um lugar aos olhos dos transeuntes.

Depois que seu antigo dono – um velhinho contrabaixista de orquestra – morreu, seus filhos preferiram vendê-lo em uma loja, assim como o apartamento e todas as pequenas relíquias que o bom velhinho juntara ao longo de muitos anos de esporro e chilicote de maestro e às custas de muitas intrigas orquestrais…
– E o que faremos com este rabecão?
– Já que estamos em junho, que tal uma fogueira?
– O vovô ia ficar feliz de ter uma vela de contrabaixo de verdade, assim tão grande, no bolo dele!

Em poucos dias, o pobre contrabaixo passou então a morar numa empoeirada loja de terceira categoria, à espera de alguém que conseguisse enxergá-lo através de toda a vaidade instrumental que o sufocava na vitrine.

A bateria com aquele seu véu de acessórios foi a primeira a deixar cair pratos e parafusos no contrabaixo, que levou um susto e algumas escoriações.
– Ui! Vê se olha por onde anda!
– Pra quê? O importante é ver com quem se anda, pra eu te dizer quem eu sou!
– E quem é você?
– Sou quem vai acabar com a sua paz quando você estudar de dia e quando você tocar na noite! Eu não vou deixar nem um ronquinho seu aparecer, e o meu baterista vai atravessar com tanta classe, que vão pensar que o culpado é você!…
Enquanto isso, mais pratos e parafusos caíam em cima do contrabaixo! E o mau-caráter do vitrinista ria a cada trombada de instrumentos ao rearrumar ou espanar a maldita vitrine…

Aí foi a vez do teclado… Troncho e malcuidado, gostava de cair em cima do contrabaixo só para que aquele seu horroroso lá do diapasão desafinado soasse ininterruptamente. Aquilo era uma lá de raspão, nunca um diapasão!
– Não dá pra parar com esse lá-mento, não?
– Trate de se acostumar, ô meninote! Quero ver a sua cara quando tiver que afinar pelo meu lá! De tão baixo, suas cordas ficarão tão frouxas, que tome cuidado para as suas calças não caírem! – debochava o desalmado teclado.

A vitrine se abriu, e mais um instrumento foi jogado na vitrine.
Surpreso, o contrabaixo só teve tempo de balbuciar:
– P-primo?
– Qual é, camarada? Que primo, o quê? Só porque eu sou um baixo elétrico, você vem apelar pra histórias de família? E na hora de arranjar trabalho, desde quando fomos parentes, hein? E na hora de tocar, desde quando fomos da mesma família? Vá catar coquinho, Mané!

E a vitrine se abriu mais uma vez…
Ah, a clarineta!… Linda clarineta! Formosa clarineta! Bela clarineta!
E a clarineta passou a encher de poesia a solidão do contrabaixo… O tempo passando, passando, e estávamos quase no Natal…
E um dia, sem sequer um adeus, ela some nas mãos de um menino, cuja mãe tivera a coragem de tirar a doce clarineta do alcance dos seus olhos e dos seus safados pensamentos…
– Puxa, não tivemos nem um esbarrãozinho sequer!… Nem um guincho… – lamuriava-se o contrabaixo masoquista, enquanto as lágrimas escorriam por sobre o seu verniz…

Até que um dia, uma gosma marrom caiu em seu ombro.
Com o susto, a primeira coisa que pensou foi em pombos.
– Mas, pombas, aqui dentro não tem pombos!
Ele se virou pra cima e, indignado, viu uma batuta estrategicamente escondida na prateleira acima da sua voluta.
A batuta pega em flagrante, gritou:
– Não fui eu! Foi você!
– E não adianta fazer merda e querer colocar a culpa nos contrabaixos, porque eu conheço essa técnica, ouviu?

De repente, uma moça passou em frente à vitrine e parou.
– Xii! Fiquem quietos – alguém gritou.

Quando a moça já ia embora, ela ouve bem baixinho: psiu!
Curiosa, ela volta os olhos para a vitrine à procura do dono do sôfrego psiu… E vê, atrás de um teclado velho, de uma bateria toda despencada e de um baixo elétrico exibido, um contrabaixo todo melecado e cheio de remendos…

Foi paixão à primeira vista. Ela olha, e olha, e olha o contrabaixo. Pensa, repensa e, enfim decide entrar na loja.
Depois de meia hora de ansiedade e falta de ar, o contrabaixo vê a vitrine se abrir.

– É isso aqui, dona?

O contrabaixo, emocionado e pego de surpresa, não tem nem tempo para discursos, mas improvisa um:
– Tchau, bundões! A gente se vê nos palcos da vida!… E cuidado comigo!…

E assim começa a parceria de Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc e seu contrabaixo…

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Segredos Contrabaixísticos de Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.

“É uma formiga carregando um elefante!”
E a formiga em questão, mesmo se sentindo uma porca de gorda, era eu.

Os elogios contrabaixísticos continuavam sendo extraviados em casa, mas na rua eu era a sílfide do momento.
Com tantas mulheres-frutas, e eu me sentindo o máximo como mulher-contrabaixo.

Como diria um amigo: gosto não se discute, lamenta-se.

“Talvez eu devesse sair mais vezes com o contrabaixo, para recuperar a autoestima”, pensei.
E aí, voltei para casa cheia de planos e mirabolâncias.

Peguei um caderno e resolvi fazer um plano mesmo, daqueles que nunca consegui fazer para estudar contrabaixo (a culpa é dos vizinhos!), e comecei a rabiscar a estratégia da mulher-contrabaixo: segunda-feira de manhã, Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc com vestido amarelo e contrabaixo, 2ª feira à tarde, Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc com vestido floral e o contrabaixo, 3ª feira…
Quando a semana já estava quase completa, descobri que não conseguiria completar a semana de desfiles contrabaixísticos com o meu corpitcho 20 kg acima, porque não teria modelito para fazer o desfile.

E o pânico se apoderou dos meus pensamentos: como emagrecer sem elogios e como ser elogiada sem roupas dignas?

Nesse momento me lembrei de todas as vezes que caí fora das malditas academias por causa daquelas insuportáveis roupas de ginástica que sempre insistiam em dedurar todas as gordurinhas, dobrinhas e pneuzinhos, e todos os diminuitivos bem aumentativos da falta de forma.

Como eu poderia fazer a minha ginástica com o contrabaixo, ganhar elogios para aumentar a estima, mesmo porquíssima da vida, e ainda fazer uma ginástica – carregando o contrabaixo, é claro – sem que ninguém olhasse para mim e para as minhas gordurinhas para me criticar, e sim só para elogiar a autosereia contrabaixista aqui e detonar o trambolhudo do lado?

Estudar em casa, engorda. A gente fica vendo aquele monte de nota que não consegue tocar e começa a dar uma zique-zira, uma impaciência e… pausa para comer.
Aí, vem aquela feitiçaria toda de vassourada dos vizinhos, parentes reclamando, CDs alheios que caem automaticamente sob os meus ouvidos e… pausa para comer.

E a minha solução, minha pobre ginástica com o contrabaixo, ali ao meu lado, fadada ao fracasso antes mesmo de ser instituída como um método sério de perda de peso, que aliaria a ginástica ao elogio, bastando que o foco de atenção fosse desviado para algo mais gordo do que a candidata a arco de contrabaixo…

O que fazer ? Reformar umas roupas? Nem pensar. Não vou gastar dinheiro, ainda mais se vou virar um palito de fósforo anoréxico com a minha infalível ginástica… Usá-las apertadas mesmo? Nem pensar. Olhos anestesiados não devem ser provocados. Repetir os modelitos?
É o jeito, mas assim os elogios vão se cansar de mim…

Ideias, ideias… Já sei! E enquanto pensava, de repente vislumbrei ao longe, bem ao longe a solução: mudar de caminho.
Concluí, que daria uma volta bem maior no quarteirão nos dois últimos dias na semana, duas vezes ao dia, usando os modelitos dos outros dois dias do início da semana, para não correr o risco de encontrar a Dona Maricotinha pelo caminho e… vocês já sabem…
A solução era algo simples como se ao invés de estudar um pequeno trecho orquestral de cinco minutinhos, eu resolvesse estudar a sinfonia toda de 40 minutos de duração.
Pelo menos deve surtir mais efeito, já que vou andar bem mais! – pensei.

O contrabaixo, coitado, já estava cansado só de me ver pensar, mas estava tão aliviado por não me ver tocar, que toparia qualquer negócio, mesmo que fosse desfilar sob o sol, desde que isso significasse uma pausa auditiva para ele e para o meu condomínio de vovós das candongas.

“E aí, contrabaixo, contrabaixo meu, existe alguém mais quase futuramente magra do que eu?”.
“Tá me elogiando tanto, que eu acho que você tá ficando cego por conveniência… O pior cego é aquele que não quer ouvir, sabia?”

O início da semana de exercícios transcorreu dentro do previsto. Religiosamente, eu me aprontava para descer, me odiava a cada passada pelo espelho, pegava o contrabaixo, descia pelo elevador, torcendo para não topar com Dona Marieta e sua gang, e ganhava a rua…

“Que monstro é esse, mamãe?”.
“Minha filha, você deveria tocar flauta!”.
“Não sei como você aguenta carregar um trambolho desses!”.

E a mulher-contrabaixo se achando!…

No último dia da semana de exercícios “contrabaixísticos”, eu já estava com a língua no chão.
Os braços doíam, as pernas estavam tronchas, o humor tinha se extraviado junto com os elogios contrabaixísticos, e eu já nem passava mais em frente ao espelho.
E o contrabaixo ali, todo sorridente, porque os estudos tinham diminuído drasticamente e a paciência para estudar tinha ido para a… deixa prá lá.

E no vestido amarelo repetido, lá desço eu com o contrabaixo, e trombo com a Dona Cremilda no elevador: mau presságio…
– E cadê aquele pum-pum-pum todo?
E o vestido amarelo ali, esperando para dizer o esconderijo do pum-pum-pum todo…
– Nossa, mas você engordou, hein? Ugh! Que cheiro ruim!
– O pum-pum-pum da Duda se vingou, tia!

A porta do elevador se abriu e Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc, mais digna ao nome do que nunca, saiu do elevador p da vida, sob os olhares sufocados de Dona Cremilda, que jamais iria se esquecer do repolho cozido com feijão e ovo do almoço customizado de Duda Pum-Pum-Pum amarela.

E na rua, hoje ainda era o dia da sinfonia…

De cara amarrada, no meio daquele caminho que parecia não ter fim, ela ainda conseguiu ouvir o cochicho de dois homens:
– Nossa, um elefante amarelo carregando um elefante marrom!…
– Ah, pra tocar isso aí, essa mulher deve ser é sapata! Olha só o barrigão dela! E de vestido amarelo? Sei não…

Um elefante incomoda muita gente, mas dois elefantes agora só incomodavam a Duda.

Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc deu meia volta, voltou pra casa, trocou de roupa e resolveu esquecer a maldita ginástica com o contrabaixo para sempre.
Voltou a estudar contrabaixo por mais tempo. Os vizinhos que se lixassem! A culpa era toda da Dona Cremilda! Bem-feito!…
Estudar contrabaixo já é uma ginástica e carregar contrabaixo para estudar também… Sedentarismo?
Ah, isso é intriga de médico que fica sentado o dia inteiro atendendo paciente e não pode fazer música!
Sedentarismo é levantamento de estetoscópio e caneta!…

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Texto postado na Revista FCBR.

Primeiro, veio o choque:
– O que é isso, minha filha?
– Um contrabaixo, mãe! Gostou?

Depois, vieram as tentativas de me fazer desistir:
– Minha filha, para de fazer pum-pum-pum com esse troço o dia inteiro!… Daqui a pouco, você ficará conhecida na vizinhança por Duda Pum-Pum-Pum!…
– Cada um com o seu pum-pum-pum, mãe! Não tem gente que prefere ficar no seu quadrado?

Daí, passei dos pizzicatos (pizzicati) para o arco, mas pouca coisa mudou…
As lamúrias familiares, as vassouradas vizinhas no teto, os cds que de repente começavam a tocar na hora do meu estudo, enfim todos continuaram a atazanar a minha vida contrabaixística…
Para mim, ainda é um mistério esse talento do contrabaixo em anabolizar as línguas ferinas e extraviar os elogios à nossa performance…

Dias após dia, os elogios eram extraviados, e só chegavam mesmo as contas para pagar…

– Tô até com saudade daquele pum-pum-pum nosso de cada dia… Agora, é esse ronc-ronc tedioso o dia inteiro! Vão acabar te chamando de Duda Ronc-Ronc!…
– Ah, mãe, é ronco musical! Eu sei que você vai nos amar, por toda a nossa vida, um dia!…
– Se você pensa que vai fazer comigo, o que faz com todos que te amam, acho bom saber que…
– Ah, mãe, mas eu tô mudando… Você não acha?
– Claro! Agora é pum-pum-pum e ronc-ronc o dia todo! Quando é que isso aí vai virar música, hein?

Parece que praga de mãe se espalha rápido…

Um dia, entrei no elevador com meu contrabaixo, e dei de cara com a Dona Marieta, a fofoqueira-mór do edifício:
– Então você é a famosa tocadora de pum-pum-pum aqui do prédio!

O Hulk podia virar uma alface verde raivosa quando se irritava, mas eu tenho certeza de que naquele momento virei mesmo foi um tomate de pelúcia falante e malcriado…
– Não tão famosa quanto a senhora, e nem tocadora e nem cheiradora de pum-pum-puns: Duda!
… E isso, enquanto me esforçava ao máximo para não rimar o nome dela com o que eu gostaria de mandá-la fazer…

Noutro dia, foi a vez da Dona Maricotinha, outra vizinha que fazia parte da rede de intrigas, fofocas e espionagem da Dona Marieta:
– Huuum… Então isso aí nessa capa preta é o misterioso presunto que ronca aqui das redondezas?
– Não é ele que ronca, sou eu! E, com todo respeito que a senhora não teve, eu ainda babo, mordo e grito! A senhora quer ver?
– Pra que, minha filha? Isso não é nada perto do que você toca…

E assim foi com o Seu Anastácio, com a Dona Cremilda, com o Seu Zequinha Bisbilhotô, com a Dona Pafúncia…

Em pouquíssimo tempo, passei a ser conhecida como a Duda dos pum-pum-puns e ronc-roncs!

Descobri também que não havia nada mais que pudesse ser feito, e que não adiantava ficar contra tudo e todos, ainda mais quando se toca um instrumento que tem um contra embutido no nome: nessas horas, precisamos de aliados e não de inimigos.

Até que um dia, mais um vizinho me abordou no corredor:
– Você é a…
– Isso mesmo: Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc, por enquanto! Prazer em conhecê-lo e prazer em ser conhecida!…

E assim, começou a saga contrabaixística de Duda Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc…

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Agora, gente, virei colunista da Revista Fórum Contrabaixo BR!

Minha coluna é sobre uma contrabaixista, a Duda, que um dia virou Pum-Pum-Pum Ronc-Ronc, mas aqui vai, antes de tudo, a minha apresentação:

“Sou Voila Marques, contrabaixista carioca, por enquanto com quase meio século de vida, embora isso ainda seja pouco, perto da idade de muitos contrabaixos acústicos que encontrei ao longo da minha vida contrabaixística, e perto dos muitos contrabaixos que ainda estão por nascer, crescer e viver…

Apaixonei-me há muito tempo pelo contrabaixo, ao assistir uma aula do grande contrabaixista Sandrino Santoro – com quem me formei na UFRJ -, que me passou a paixão pelo contrabaixo…

Apaixonei-me de longa data pelo contrabaixo, ao ver outras paixões pelo contrabaixo, ao segui-lo, ao alcançá-lo…

Apaixonei-me há bastante tempo pelo contrabaixo, ao tocar numa orquestra, ao tocá-lo, ao tocar…

Apaixonei-me há algum tempo pelo contrabaixo, ao dar aulas, ao aprendê-lo, ao senti-lo desde sempre…

Apaixonei-me há pouco tempo pelo contrabaixo, ao escrever um livro sobre ele, ao ler sobre ele, ao vê-lo mais uma vez…

Apaixonei-me na semana passada pelo contrabaixo, ao assistir o recital de um colega e à apresentação de outro colega, ao ouvi-lo, ao sonhá-lo novamente…

Apaixonei-me hoje pelo contrabaixo, ao ensaiar numa orquestra nova, ao escrever essas linhas para vocês e ao me deparar com tantas lembranças…

Apaixonei-me pelo contrabaixo sei lá quando, ao descobrir que ele é a minha longa paixão, meu caso antigo, meu amor atemporal…

E apaixonar-me-ei por ele amanhã e mais que amanhã, tanto faz se da mesma forma ou de outras formas… E isso é o que me importa.

Parafraseando a linda música “Outra Vez”, de Isolda:

“(…) Das lembranças que eu trago na vida
O contrabaixo é a saudade que gosto de ter
Só assim, eu o sinto bem perto de mim outra vez…”  Sempre e para sempre meu…”

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Espero que vocês possam honrar a Revista FCBR on line com os olhinhos de vocês! Ela está bem diversificada, e vale a pena a visita!

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Notícia postada no site www.sinfonica.usp.br

 “O Diretor da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo – OSUSP, na qualidade de coordenador do concurso, informa que se acha aberto o concurso “Projeto Academia 2012, cujo objetivo é o reconhecimento de talentos musicais de regentes e instrumentistas interessados em prática orquestral, propiciando aos ganhadores, a participação em ciclos sinfônicos do repertório internacional, da temporada de 2012. (…)

2. Prêmio

2.1 – Como prêmio, os primeiros classificados, na quantidade indicada ao lado de cada atividade e observada a ordem de classificação, terão a oportunidade de prática orquestral, ao lado dos músicos da OSUSP, podendo atuar como:
violinistas (8);
violistas (3);
violoncelistas (3);
contrabaixistas (4);
trompistas (2);
trombonista baixo (1);
percussionista (2). (…)

10 – Das provas (…)

10.2.1 – prova prática de instrumento (eliminatória), com biombo, que abrangerá:

10.2.1.1 – leitura à primeira vista. Valor da prova: 2,0

10.2.1.2 – execução instrumental de obra ou movimento de livre escolha com acompanhamento obrigatório ao piano. O pianista deverá ser providenciado pelo candidato, às suas expensas. Para as provas de livre escolha de percussão o instrumento será o xilofone sem acompanhamento. Valor da prova: 3,0

10.2.1.3 – Confronto, conforme segue: Valor da prova: 5,0 (…)

Contrabaixo
K. Dittersdorf – Concerto em Mi maior – 1º movimento com cadência. (…)”

Edital do concurso: clique aqui
Formulário de inscrição: clique aqui

Notícia postada no site www.comunicacao.ba.gov.br

“Este ano, a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) comemora seu 30º aniversário. Entre as ações de difusão, formação, intercâmbio e memória que vêm sendo feitas na celebração deste marco, destaque para o concurso OSBA 30 Anos – Residência Artística.

Com inscrições abertas até o dia 6 de agosto, o certame é realizado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), unidade da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), através do Teatro Castro Alves (TCA), que abriga os corpos estáveis de música e dança do Estado: OSBA e Balé Teatro Castro Alves (BTCA).

Edital do concurso e anexos: clique aqui

Por meio de seleção de propostas artístico-formativas, o concurso vai contratar músicos profissionais de orquestra para fazer residência artística na OSBA pelo período de seis meses, a partir do dia 24 de setembro deste ano, para promover intercâmbio cultural, troca de experiências e aprendizado.

Serão selecionadas até 30 propostas, em vagas e funções distribuídas em três famílias: cordas (spalla, concertino, contrabaixo, harpa, viola, violino e violoncelo), madeiras (clarineta/clarone, fagote, oboé e oboé/corne inglês) e metais (trombone e trompa). A remuneração, em valor bruto, para cada músico contratado está entre R$ 33 mil e R$ 48 mil pelo semestre, a depender de sua função e qualificação artística.

Podem se inscrever brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 18 anos, com atuação reconhecida na área da música de concerto. O concurso é também aberto à participação de estrangeiros com visto de trabalho regular.

As inscrições, que exigem apresentação do formulário preenchido e documentos complementares listados no edital, podem ser feitas presencialmente no TCA, ou através dos Correios, por Sedex ou similar, com aviso de recebimento (AR).

A comissão de seleção, composta por três membros, será presidida pelo diretor artístico da OSBA, Carlos Prazeres. Os resultados da primeira fase, de análise das propostas, serão divulgados até o dia 14 de agosto, quando se indicarão os pré-selecionados a serem submetidos a audições, que vão ser realizadas nas cidades de São Paulo (dias 1º e 2 de setembro) e Salvador (dias 3 e 4 de setembro), para comprovação de suas competências.

Os resultados da segunda fase serão publicados até o dia 6 de setembro, para posterior habilitação dos selecionados, tendo a lista final de contratados estabelecida até o dia 21 de setembro.”

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