Postagens de outubro, 2013


Pergunta de Paulo Seixas, ao canal do Blog da Voila Marques, no Youtube: “(…) Gostaria que você me tirasse uma dúvida, poderia postar um vídeo mais específico dos movimentos de arco abaixo? Estou estudando um método específico muito interessante, vou lhe exemplificar o que nele tem abaixo:

G= Arco inteiro
H= Meio arco
1/3 B= Um terço do arco
u.H= Metade inferior do arco
O.H= Metade superior do arco
Fr. Frog end of bow (fim de sapo de arco)
M=Meio arco
Sp= No ponto
M*= Na parte superior ou inferior da curva”

Paulo, infelizmente, estou temporariamente sem poder postar vídeo, mas assim que possível o farei, ok?
Enquanto isso não acontece, vou deixar por escrito a explicação…

Primeiro, é preciso conhecer quais são as partes do arco, a direção do arco e os movimentos com o arco, entender todo o “processo” e praticá-lo nos estudos. Pode ser que demore um pouco até você “automatizar” os movimentos, mas disciplina, paciência e pequenas noções de matemática e física fazem o resultado aparecer mais rápido nos estudos e nas músicas.

PARTES DO ARCO:

Talão (frog): parte inferior do arco, onde fica a mão direita do contrabaixista, à direita dele:

Ponta: parte superior do arco, onde fica a ponteira (aquele biquinho de osso), à esquerda dele:

Meio do arco: é exatamente a metade do arco. Se o arco medir do parafuso do talão (ponta inferior) até a ponteira (ponta superior) 72 cm, o meio do arco será em 36 cm:

 DIREÇÃO DO ARCO:

Arco para baixo: é quando o movimento que vai para a direita do contrabaixista (para a esquerda do arco), do talão para a ponta, e é representado por um quadrado sem o risco de baixo:

Arco para cima: é quando o movimento vai para a esquerda do contrabaixista (para a direita do arco), da ponta para o talão, e é representado por um V:

MOVIMENTOS COM O ARCO:

Arco inteiro: é o movimento do arco feito do talão até a ponta (arco para baixo), ou da ponta até o talão (arco para cima), usando todo o arco para a execução da nota ou do grupo de notas (quando há ligaduras, etc.). Para esse movimento pode-se dizer “arco inteiro” ou “do talão até a ponta”:

Meio do arco: é o movimento do arco feito usando somente metade do arco, no meio dele. Para isso, é necessário descartar ¼ de arco de cada uma das extremidades (inferior e superior), e tocar usando somente a metade restante, no meio do arco. O meio do arco pode ser feito em direção à ponta (arco para baixo) ou em direção ao talão (arco para cima). Para entender melhor a quantidade de arco utilizada, divida imaginariamente o arco em quatro partes iguais. Não toque no primeiro quarto e nem no último: somente nos dois quartos do meio:

Metade inferior do arco: é quando o movimento do arco parte do talão, em direção ao meio do arco (arco para baixo), ou do meio do arco, em direção ao talão (arco para cima);

Metade superior do arco: é quando o movimento do arco parte do meio do arco, em direção à ponta (arco para baixo), ou da ponta, em direção ao meio do arco (arco para cima):

Talão: quando se diz “tocar no talão”, o movimento é feito na oitava ou no quarto inferior do arco, começando no talão até uns quatro dedos depois dele, no máximo (arco para baixo), ou desses quatro dedos após o talão em direção ao talão (arco para cima):

Ponta: quando se diz “tocar na ponta”, o movimento é feito na oitava ou no quarto superior do arco, começando até uns quatro dedos antes da ponta, no máximo, em direção à ponta (arco para baixo), ou da ponta até esses quatro dedos depois dela (arco para cima):

Terço do arco: é o movimento do arco feito usando somente um terço do arco. Para isso, é necessário dividir o arco em três partes iguais. Com isso haverá três terços: o inferior, feito no terço mais próximo ao talão; o terço do meio, quando se elimina o som dos terços inferior e superior, e toca-se somente com o terço que sobrou; e o terço superior, feito no terço mais próximo à ponta. Todos esses movimentos podem ser feitos com o arco para baixo ou para cima.

Nunca ouvi os termos “na parte superior ou inferior da curva”. Acredito que o autor tenha tido a intenção de definir os movimentos feitos a partir ou até a curva do arco (meio do arco). Com isso, teremos o movimento do meio para a ponta (parte superior), e do meio para o talão (parte inferior). Para fazê-los, é só reler “metade inferior do arco” e “metade superior do arco”.

Para complementar os seus estudos, sugiro que dê uma olhada nesse artigo da Sônia Ray e do Fausto Borém:

Bow Placement on the Double Bass: a Notational Proposal of Bow Regions and String Contact Points

Os desenhos do texto foram tirados desse link, que também vale a pena dar uma “zoiadinha”:
https://www.wps.pwp.blueyonder.co.uk/Elements_of_good_violin_technique.htm

Espero ter ajudado.
Boa sorte contrabaixística procê!
Voila

Licença Creative Commons
Consultório contrabaixístico by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.


Reportagem retirada do site https://zerohora.clicrbs.com.br , publicada em outubro/ 2013.
Autor: Zero Hora Fotos: Bruno Alencastro/ Agência RBS

Quatro cordas, um sonho

Após descobrir a diferença entre um contrabaixo elétrico e um acústico, menino de Canoas quer virar músico da Ospa

Foi por engano que Weslei Felix Ajarda entrou pela primeira vez no Conservatório Pablo Komlós. Os olhos escuros e curiosos ansiavam por aulas de contrabaixo elétrico, um complemento ao seu aprendizado com amigos. 

Com as mãos já acostumadas com as cordas do instrumento, ele preencheu a ficha de inscrição. Há cinco meses, o menino de 14 anos sequer sabia o que era música clássica, a ponto de confundir o contrabaixo elétrico com acústico.

Após passar na seleção, o primeiro instante foi de surpresa. O adolescente deparou com um instrumento da sua altura, mas duas vezes mais largo que ele. Quando os dedos seguraram o arco e o arrastaram pelas cordas grossas, não foi somente o som que o fez se afeiçoar: foi o sentimento. O menino guarda dentro de si a primeira sensação dos acordes. E todas as quartas-feiras à tarde, quando tem aula de contrabaixo clássico com o professor Eder Francisco Kinappe, ainda sente o mesmo estardalhaço dentro de si.

A vida do Weslei que estuda de manhã na escola Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Nancy Ferreira Pansera, no bairro Guajuviras, em Canoas, quase se separa da vida do Weslei que nas tardes de quarta-feira vai para Porto Alegre. A música é o elemento que contrasta as duas realidades.

Quando acorda às 7h para ir à sala de aula, o boné vermelho e o uniforme escolar não indicam qualquer relação com a música clássica. O rosto brincalhão, que divide a atenção entre conversar com os colegas e absorver os conhecimentos, adquire uma expressão séria pouco depois do almoço, quando, às pressas, troca de roupa e anda rapidamente até a parada de ônibus. Weslei percorre parte do trajeto de trem, muitas vezes lotado. Quando desce na última estação, em Porto Alegre, apressa o passo para chegar a tempo na aula.

Diferentemente da escola, Weslei não perde o foco quando entra em uma das salas do segundo piso do Conservatório. Após cumprimentar o professor, se abaixa para pegar o instrumento e, de forma delicada, o ergue do chão. Se os olhos se focam no contrabaixo, os ouvidos, porém, prestam atenção à voz baixa e calma do instrutor. Em pouco menos de uma hora, o garoto tenta saciar a vontade de colocar nas cordas o sentimento que vibra dentro de si conciliando com a leitura da partitura.

 

 

De exemplo, um caminho parecido

A música é a inspiração para Weslei sonhar em fazer parte de uma orquestra. Nas poucas vezes em que vai assistir a um dos concertos da Ospa, além de sentir a melodia invadindo o teatro, sente o sonho pulsar dentro de si. Os olhos de Weslei se direcionam a Eder quase que do começo ao fim do concerto. O menino se imagina lá. Pensa no que se passa na mente dos músicos e alimenta ainda mais a esperança de um dia conquistar o teatro com as suas próprias notas.

– Eu vejo ele como um talento acima da média. O Weslei tem uma extrema facilidade para fazer música. É só ter a oportunidade e estudar o que precisa – revela Eder.

A reabertura do Conservatório

O sonho de Weslei também está em outros rostos e mãos tão cuidadosas quanto as dele com os instrumentos de orquestra. Está nos olhos de meninos e meninas que deixam seus lares e colocam de lado uma infância de brincadeiras para viver com a música. Empenhados em descobrir quão além o som do instrumento pode ir, convencem os pais a pagar o transporte até o Conservatório, o que para muitas famílias é um valor significante.

Entretanto, o sonho de Weslei ainda é uma partitura inacabada. Assim como a transformação do sonho para a realidade, ele precisa evoluir no contrabaixo, e este desenvolvimento está ligado com a prática e o estudo. Para o menino de 14 anos um dia poder estar no palco, o talento e a dedicação não são as únicas duas características determinantes.

– O instrumento em casa é imprescindível. Não tê-lo em casa inviabiliza o estudo – explica.

Para a família de Weslei o custo do instrumento é inviável. O mais barato e de baixa qualidade sai em torno de R$ 2,5 mil, e um de qualidade média está aproximadamente R$ 9 mil.

Desde que o Conservatório Pablo Komlós reabriu, em maio, depois de quase dez anos sem atividade, a escola realiza uma campanha para a doação de instrumentos. Segundo a diretora da instituição, Nisiane Franklin da Silva, muitas pessoas aderiram à campanha, mas as doações recebidas são dos instrumentos mais conhecidos, como violino. Ao todo, são 11 instrumentos disponibilizados na escola, quatro de cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo), três de madeiras (oboé, clarinete e fagote) e quatro de metais (tuba, trompa, trombone e trompete).

A necessidade se torna ainda maior porque o Conservatório reabriu com um diferencial. Até 2004, quando ele foi desativado principalmente por falta de professores, o intermediário era o nível mais baixo para um aluno entrar, depois de realizar uma prova. Apenas alguns alunos de baixa renda, que se destacavam em outros projetos sociais, e que já dominavam algum instrumento, eram deslocados para a Ospa. Neste ano, porém, optou-se por abrir vagas para crianças e adolescentes de baixa renda. Das 220 vagas, 44 eram específicas para este público. Assim como Weslei, a maioria dos alunos que entrou nesta condição não possui o instrumento para levar para casa e praticar.

A futura orquestra jovem

A doação de instrumentos não beneficiará somente os estudantes que necessitam da prática em casa, mas também contribuirá para a formação de uma Orquestra Jovem. Conforme Nisiane, a ideia é que em 2014 uma orquestra jovem seja formada. Nela, estarão os alunos do Conservatório que se destacam e também os estudantes do curso de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

– É por isso que a nossa campanha vai além. Para conseguirmos formar esta orquestra, precisamos da doação de todos os instrumentos – conclui a diretora. A orquestra jovem pode ser meio caminho andado para a realização do sonho de Weslei.

Notícia retirada do site www.ibfc.org.br

Estão abertas as inscrições para Professor de Educação Básica da Carreira do Magistério Público do Distrito Federal.

Há vagas para professores de diversos instrumentos, incluindo de Contrabaixo Acústico, e é exigido licenciatura plena em Música ou bacharelado no instrumento, com complementação pedagógica.
Nº de vagas para Professor de Contrabaixo Acústico: 01 vaga (20 horas semanais).
Vencimentos: R$ 4.343,18 (40 horas semanais) e de R$ 1.764,42 (20 horas semanais).
Inscrições: até 24/10/2013
Edital: clique aqui

Hoje, achei esta página na Internet, com fotos do que eu considero um transporte alternativo de contrabaixo pra lá de “inusitado”: bicicleta! Vejam só:

Notícia e fotos retiradas e copiadas do site Le jipiblog, postadas em 27 de agosto de 2013.

“Andar de bicicleta não é, talvez, a melhor maneira de levar um baixo para chegar ao local do show … Este ganha o prêmio de acrobacias”

“Seu nome é Matt Robert mais imagens no seu blog:”

“Na China também:”

“É ainda um pequeno caixão…”

“Baixo, mas não só:”

“Isto é normal em Amsterdan:”

Notícia retirada do site www.ufac.br

Estão abertas as inscrições para Músico – modalidade Contrabaixista Acústico (nível superior) da Universidade Federal do Acre.
Salário básico: R$ 3.138,70
Carga horária: 25 horas semanais
Nº de vagas: 01
Inscrições: até 17 de outubro de 2013
Taxa de inscrição e edital: clique aqui

Hoje, achei um vídeo sensacional sobre o contrabaixo na História da Música: “Un Viaje Sonoro a través del Contrabajo”.

Feito por Roberto Terrón, a partir de vídeos postados no Youtube, delineia a trajetória musical do contrabaixo, com alguns relatos e muita música.

Um belíssimo trabalho, que vale cada minuto dos nossos olhos, coração e ouvidinhos!

Curiosidade: a partir do 6º minuto, reparem que quem aparece falando e tocando é a nossa competentíssima contrabaixista brasileira Ana Valéria Poles, atual chefe de naipe da OSESP, e então aluna do grande contrabaixista Ludwig Streicher.

https://youtu.be/LQFHQj2dgPQ

Texto retirado do site www.youtube.com, postado por Roberto Terrón:

“La evolución de la Historia del Contrabajo a través de diversos videos públicos de Youtube. Este montaje sirvió de hilo conductor para la conferencia “Un Viaje Sonoro a través del Contrabajo” que tuvo lugar en el Conservatorio de Majadahonda y en las I Jornadas de Contrabajo de Madrid en 2011 y 2012 respectivamente, destinada a padres y alumnos de enseñanzas profesionales y superiores para conocer un poco más la historia de uno de los instrumentos más fascinantes y versátiles de la Historia de la Música.

CAPÍTULOS

1. Introducción
2. Documental TVE años 80 (1:43)
3. Los orígenes. El violone ( 9:40)
4. La primera Edad de Oro. El violone vienés (15:38)
5. La sinfonía clásica (18:46)
6. Dragonetti: un virtuoso entre dos siglos (19:52)
7. La música de cámara en el siglo XIX (22:02)
8. La 9ª de Beethoven. La independencia del contrabajo (25:07)
9. Bottesini. Fin y comienzo de una era (28:56)
10. Solos orquestales (33:25)
11. Siglo XX (36:08)
12. El inicio de la 2ª Edad de Oro. Grandes solistas (38:50)
13. La revolución pedagógica (43:09)
14. Otros caminos. El jazz (46:12)
15. El tango (51:10)
16. Fusión (52:57)
17. Vanguardias (55:25)
18. Rockabilly (56:40)
19. Folk,country,blue grass (59:48)
20. Salsa (1:01:19)
21. Flamenco (1:02:45)
22. Klezmer (1:04:19)
23. Los grupos de contrabajos (1:06:28)”

Caros colegas,
Recebi o simpático convite do nosso talentosíssimo contrabaixista Alexandre Ritter, que repasso para vocês.
Obrigada pelo convite e boa sorte contrabaixística para o Duo, Alexandre!
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Artes
Departamento de Música
Programa de Extensão do DEMUS

convidam para

“REFLEXÃO”

Recital de Contrabaixo e Piano/Cravo
com
Alexandre Ritter e André Loss

04 de Outubro de 2013, sexta-feira, às 20h
Auditorium Tasso Corrêa
Instituto de Artes da UFRGS
(Rua Senhor dos Passos, 248 – Centro – Porto Alegre/ RS)

O recital será público e gratuito

Foto de Isaías Mattos 2012

No programa obras de Ravel, J. C. Bach, Vivaldi, J. S. Bach e Bloch.

Breve Notas sobre o Programa

Por Alexandre Ritter – Agosto de 2013.

Este programa busca acima de tudo, levar o ouvinte a um estado de “Reflexão”. Por isso, decidi buscar um repertório intimista, sóbrio, profundo e talvez para alguns, triste.
Em 1914 Maurice Ravel recebeu de Alvina Alvi, soprano da Opera Imperial de St. Petersburg, uma comissão para compor duas pequenas peças, intituladas “Duas Melodias Hebraicas”, para voz e piano. A primeira peça “Kaddisch”, e a segunda, “L’Énigme éternelle”. No programa de hoje será executado a primeira delas, “Kaddisch”. O professor de contrabaixo acústico da University of British Columbia (Vancouver – Canadá), Kenneth Friedmann, fez a transcrição para contrabaixo e piano em 2002, e me passou a peça em 2006/7 durante meu mestrado na mesma universidade. O texto que Ravel utilizou na versão original em “Kaddish” é em Aramaico, e é parte importante da liturgia Judaica. Importante representante análogo ao movimento impressionista nas artes plásticas do fim do século IX e início do século XX, Ravel nos envolve com suas harmonias hipnotizantes, sempre nos tonteando ao redor da tônica, embora, em alguns momentos, nos instigando com notas dissonantes marginais ao esperado. Enquanto isso, a melodia nos transporta com elementos arraigados nas fortes personalidades do canto que vem da terra, da fé, da reflexão, da oração.

A segunda peça do programa é um segundo movimento de concerto para viola. Os créditos deste concerto são dados aqui ao filho mais novo do famoso J. S. Bach, Johan Christian Bach. Entretanto, é comumente discutido que na verdade quem escreveu este concerto foi o violinista e compositor parisiense Henri Casadesus (1879 – 1947). Ignorando quem tenha sido o compositor, fica claro o “Estilo Galante” trazido do início do classicismo/fim do barroco, onde uma linha melódica com um simples acompanhamento predomina, contrastando à complexidade contrapontística tão proeminente do período precedente. Buscando assim, a simplicidade da narrativa musical e prezando um contexto mais emotivo e introspectivo.

No programa de hoje, duas sonatas de Antonio Vivaldi originalmente escritas para violoncelo e baixo continuo. Vivaldi não chegou a publicar essas sonatas em vida, entretanto, elas datam depois de 1730. Na minha opinião, as duas mais obscuras e entorpecentes do compositor; das seis que ele escreveu, que se tem notícia. Não só pela seu modo, menor, mas também, especialmente nos movimentos lentos, por suas melodias simples, econômicas e que tem o poder de nos prender profundamente. Se tratam das sonatas 3 e 5. A sonata 5 será a primeira a ser executada, e para encerrar o programa, a sonata 3. Estarei lendo a partir da primeira edição da partitura de Paris: Le Clerc le Cadet, 1740. Em minha carreira, esta é a primeira vez que usarei uma partitura “lisa” em concerto, ou seja, sem nenhuma marcação de arco ou digitação, ou sequer dinâmica. De acordo com alguns tratados deste época (Corrette: 1741, Geminiani: 1751, Leopoldo Mozart: 1756, e Tartini: 1771), essa era a forma de “prática de performance”, ao improviso. Não só no que diz respeito as questões acima citadas, como também em relação a articulações e realização do baixo contínuo, dando ao interprete grande espaço para liberdades artísticas; o que eu adoro! Sintam-se sendo minhas cobaias! Entretanto, devo informar ao leitor de que o músico profissional do período barroco era treinado e com certeza sabia utilizar do bom gosto e da competência para lidar de forma apropriada com as “liberdades artísticas” em questão; uma prática que foi, infelizmente, perdida através dos séculos. Lerei na oitava original escrita para o violoncelo, mas estarei usando encordoamento solo (F#, Si, Mi, Lá), ficando uma sétima maior abaixo do que o violoncelo soaria. A realização do baixo contínuo é de André Loss.

A música de Johan Sebastian Bach tem um absoluto poder sobre as reações químicas que meu organismo sofre, e tenho certeza, divido esta qualidade com muitos indivíduos. Da gama de informações que poderia ser discutida aqui sobre a Sarabande da quinta suite para violoncelo solo a ser executada, mas em especial sobre Bach, prefiro deixar que a intrínseca genialidade do compositor fale por si só…de qualquer forma, notem a força nesta “simples” peça monódica onde se pode ouvir de duas a três “personagens” ao mesmo tempo. Um desafio ao refletir! Estarei tocando a partir da Edição Crítica, Alemanha: Bärenreiter-Verlag, 2000. A escolha do arco utilizado em minha interpretação é o resultado de minhas próprias conclusões, baseado em meus estudos dos quatro manuscritos do século XVIII (em especial, de Anna Magdalena Bach, segunda esposa de Bach) e uma edição publicada do século XX, todas inclusas nesta Edição Crítica, bem como de minhas observações de grandes interpretes (Casals, Fournier, Rostropovich, Isserlis, Maisky, entre outros), em especial do famoso violoncelista, musicólogo, e especialista em performance histórica da música de Bach, e em especial das Suites para violoncelo solo, o Holandês Anner Bylsma. Estarei lendo uma oitava acima do grafado, em afinação solo. Sobre as reações químicas, cada um saberá da sua!

Ernest Bloch escreveu em 1924, em Cleveland, a peça intitulada “From Jewish Life” (‘Da Vida Judaica’) em três pequenos movimentos, “Prayer,” “Supplication,” e “Jewish Song” para violoncelo e piano. Será executada a primeira delas, “Prayer” (‘Oração’). O uso de melismas e de segundas “bemolizadas” (meio tom abaixo), traz características da música vocal Judaica. O título expressa tudo, uma “reflexão”, usando simples melodia e acompanhamento o compositor nos isca, nos seduz para o “orar”. Será usada a transcrição de Frank Proto com algumas “liberdades artísticas” de Alexandre Ritter (mudei algumas oitavas).

Para encerrar o programa, a Sonata 3 de Vilvaldi, aqui já discutida.

CURRÍCULOS

ALEXANDRE RITTER
Contrabaixo

O contrabaixista Brasileiro Alexandre Ritter é professor de contrabaixo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (Porto Alegre/RS) desde 2000. Alexandre recebeu ambos os títulos de Doutor (DMA) e Bacharel (BMA) em Performance pela The University of Georgia – UGA (EUA), sob a orientação do Prof. Milton Walter Masciadri. Sua formação musical e acadêmica também inclui um ano de mestrado em Performance de Contrabaixo na University of British Columbia (Canadá), sob a orientação do Prof. Kenneth Friedman. No Brasil, Alexandre teve sua primeira orientação no contrabaixo com o Prof. Antônio Guaracy Guimarães na Fundação Municipal de Artes de Montenegro, e logo após estudou com o Prof. Milton Romay Masciadri na Escola de Música da OSPA. Grande influência em sua carreira tem sido o famoso contrabaixista e virtuoso Franco Petracchi, com quem teve a oportunidade de estudar na Itália, na renomada Academia Musicale Chiggiana (com Diploma di Mérito), em Siena, e no Campus Internazionale di Musica, em Sermoneta. Em Maio de 2010, sob orientação do Prof. David Haas (UGA), Alexandre completou extensiva pesquisa e dissertação de doutorado sobre o Divertimento Concertante de Nino Rota em colaboração direta com o Maestro Petracchi, em homenagem ao qual a peça foi escrita em 1973. Alexandre já participou de vários festivais de música, tendo a oportunidade de realizar masterclasses com grandes contrabaixistas, como Franco Petracchi, Joel Quarrington, Edwin Barker, Gary Karr e François Rabbath. Sua extensa experiência como músico de orquestra inclui a participação em orquestras na América do Norte e na América do Sul, incluindo as Sinfônicas de Savannah, Charleston, Greenville e Augusta, nos EUA, bem como as Sinfônicas de Porto Alegre e Paraná, no Brasil. Seu trabalho como músico sinfônico, camerista e solista o tem levado a tocar na Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Costa Rica, França, Itália e EUA. Além das carreiras de execução contrabaixística e do ensino, Alexandre pretende fomentar e difundir novo repertório camerístico e solístico de música clássica para contrabaixo, através de recitais no âmbito nacional Brasileiro.

ANDRÉ LOSS
Piano/Cravo

André Loss tem atuado como solista e camarista na América do Sul e na América do Norte. Realizou sua formação musical e acadêmica no sul do Brasil, tendo estudado com Huberthus Hofmann, Dirce Knijnik, Amadeo Mainero (Argentina/Inglaterra), Norma Bojunga, Lucila Conceição e Maly Weisemblum. Obteve o seu Doutorado em Execução Musical em Piano no College Conservatory of Music em Cincinnati, Oh, nos Estados Unidos, onde estudou com Franck Weinstock, e esteve também na Eastern Illinois University, em Charleston, Il, estudando com George Sanders e Karin Larvick. Teve também aulas de interpretação com Miguel Proença (Brasil), José Alberto Kaplan (Argentina/Brasil), José Henrique Duprat (Brasil), Arnaldo Cohen (Brasil/Inglaterra), Roberto Szidon (Brasil/Alemanha), Mírian Daueslberg (Brasil), Edward Eikner (EUA), James Tocco (EUA), Ian Hobson (Inglaterra/EUA) e Ann Schein (EUA). Ele atualmente ensina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, RS.
André Loss obteve premiações em diversas competições nacionais, tais como o 3° Prêmio no I Concurso Nacional de Piano Villa-Lobos de Vitória, ES, e Mensões Honrosas no I Concurso Nacional de Piano de Juiz de Fora, MG, e no V Concurso Nacional Arnaldo Estrella de Goiânia, Go (este último como prêmio especial pela notável execução da Toccata de S. Prokofieff), além de participar do 10º Concurso Internacional de Piano Robert Casadesus, em Cleveland, Oh, e do I Concurso Internacional da PUC de Porto Alegre, RS. Foi vencedor de diversas competições para jovens solistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, incluindo o Concerto Auditions da Eastern Illinois University.
Suas execuções com orquestra incluem participações nas temporadas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, da Eastern Illinois Symphony Orquestra, da Orquestra Sinfônica de Caxias do Sul, da Orquestra de Câmara da UNISINOS, da Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro, da Orquestra de Câmara da ULBRA e da Orquestra de Câmara da UFRGS.
Recentemente realizou uma turnê com o violinista Fredi Gerling com o ciclo completo de sonatas para piano e violino de L. van Beethoven, e atualmente forma duos com o contrabaixista Alexandre Ritter e a violoncelista Marjana Rutkowski.
Apresentando-se frequentemente em séries de recitais solo e dando masterclasses no Brasil e nos Estados Unidos, atuou como Professor Visitante na Eastern Illinois University e participou das Séries Artísticas da Francis Marion University, da Georgia State University, da University of Georgia e da Eastern Illinois University, além de tocar em várias instituições brasileiras. Sua mais recente tournê pelo Brasil e Estados Unidos incluiu a sua execução da versão integral dos Estudos Transcendentais de F. Liszt, a qual recebera muitos elogios.
Participou como pianista do 11° Festival de Música da FUNDARTE em Montenegro, RS, e foi o pianista do 10° Simpósio Internacional de Contrabaixistas da University of Georgia em Athens, GA, e do 4° Encontro internacional de Contrabaixistas da UFRGS em Porto Alegre, RS.
Atuou ao lado de artistas de renome como o contrabaixista Franco Petrachi (Itália), o clarinetista Walter Boeykens (Holanda), o violoncelista Antônio Lauro Del Claro (Brasil),o trompetista André Henry (França), o barítono Roy Samuelsen (Noruega/EUA), o saxofonista Daniel Besnier (França), o contrabaixista Milton Masciadri (Brasil/EUA) e o maestro Eleazar de Carvalho (Brasil). Durante seus estudos na Eastern Illinois University, recebeu uma bolsa para acompanhar exclusivamente os masterclasses do famoso barítono americano William Warfield.
Gravou um CD com a soprano Adriana Zignani, o qual recebeu o Prêmio Açorianos de melhor CD de música erudita da cidade de Porto Alegre, e este ano estará lançando um CD duplo em conjunto com os pianistas Cristina Gerling, Ney Fialkow e Catarina Domenici, integrando obras para piano do compositor brasileiro Camargo Guarnieri.
Executou a estreia mundial do Concerto para Piano e Orquestra de Felipe Adami, quem lhe dedicou a obra, e os Estudos n° 1 e n° 2 do mesmo compositor, além da estreia da segunda versão de Estética do Frio II para Piano e Orquestra de Cordas do compositor Celso L. Chaves.
Além das carreiras de execução pianística e de ensino, André Loss mantém um projeto de recuperação e difusão de partituras de concertos para piano de compositores do século dezoito e pré-românticos, o que lhe permitiu a realização da primeira execução brasileira do Concertino para Piano e Orquestra de Johann Nepomuk Hummel.

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