Postagens de fevereiro, 2017


É chegada a hora da cegonha contrabaixística!
O que fazer? Como fazer? Como escolher o seu contrabaixo?

O que indico:

1) Indico somente os contrabaixos que conheço pessoalmente já que, aí, posso dar uma opinião mais concreta e não ficar só em “achimos” e “talvezes”.

Por que só indico isso:

1) Sobre marca X, Y ou Z, não me ligo em marcas ou nomes de fábricas já que, mesmo os instrumentos de uma mesma marca e modelo, podem apresentar diferenças, sem contar que minha memória pra nomes é péssima!;

2) Existe a subjetividade, que precisa ser levada em conta.
Por exemplo: o som de um determinado instrumento nem sempre agrada a todos. E às vezes agrada, mas pode não ser o que o futuro comprador queira ou precise. Pode ter um som lindo e ser um contrabaixo grande demais. Como vou saber disso sem conhecer o contrabaixo e o contrabaixista? Pode ter um som lindo e/ou ser um contrabaixo maravilhoso, mas que precisa de consertos e reparos, que nem sempre são compatíveis com o que o futuro contrabaixista pode gastar. E eu nesse tiroteio? Outras vezes, o contrabaixo tem o som lindo com pizzicato, mas o som fica uma bosta com o arco. Isso pode ser um problema pra mim, mas não sê-lo para outrem, entre muitos outros exemplos.

Importante saber antes de comprar:

1) Para começar os seus estudos de contrabaixo, um futuro aluno precisa de um instrumento tocável. O diferencial pode estar no quanto se pode pagar por ele, ou na sorte de conseguir um instrumento de qualidade superior ao que se pode dispor financeiramente para comprá-lo;

2) Pode ser um contrabaixo ruim? Pode! Pode ser um contrabaixo chinês de compensado? Pode! Nem sempre o futuro contrabaixista pode pagar por um contrabaixo de madeira maciça. Nem sempre ele pode pagar por um de tampo maciço, com fundo e faixas de compensado. “Ah, mas a diferença entre ele e um de compensado é pouca!”. A diferença ser pouca não conta. O que conta é saber se há dinheiro ou condições de bancar por essa diferença. Se há, delícia! Se não há, compensado é o caminho! Pode ter certeza de que muitos contrabaixistas começaram por esse mesmo caminho…;

3) Não invista demais naquilo que você ainda não tem certeza de ser o que realmente você quer. Em tempos de vacas magras, é difícil vender elefante e, quanto mais caro for o seu, maiores serão as chances dele permanecer como objeto decorativo na sua casa;

4) Se você conseguiu um “estrumento” e não um instrumento, parabéns! Pense que você conseguiu o que muitos ainda não conseguiram, e que o som pode ser feio, mas não fede;

5) A gente compra o sonho que a vida permite, mas a gente continua a sonhar toda noite, pra não esquecer que a vida continua, exatamente pra que a gente possa realizar outros sonhos…

6) Os contrabaixos de fábrica e de compensado, embora com preços mais acessíveis, não são todos iguais. Normalmente, os de preço mais elevado costumam ter um acabamento melhor que os de preço bem mais populares, mas isso não impede de comprar um contrabaixo barato que dê perfeitamente para ser usado por dois, três anos ou quatro;

7) Contrabaixo pode ser o seu bem-querer, como é o meu, mas contrabaixo é também um bem financeiro. Comprá-lo e vendê-lo por um preço justo é sempre o melhor caminho para realizar a transação;

8 ) Alguém precisa hoje de um contrabaixo simplesinho, como um dia alguém precisou; alguém pode estar vendendo hoje o seu, assim como um dia esse alguém pode ser você. E a vida contrabaixística segue, sem traumas;

9) Os contrabaixos chineses costumam vir com capa e arco. Quando vendidos por particulares, nem sempre vêm com esses acessórios. É sempre útil se informar sobre isso antes da compra;

10) Às vezes, por um contrabaixo com um preço bem acessível, pode valer a pena uma viagem para alguma outra cidade. Nada como uma aventura emocionante! Só avise a cegonha pra, das próximas vezes, entregar o seu contrabaixo na cidade certa;

11) Sempre que possível, compre contrabaixo de pessoas físicas ou em lojas que você possa escolhê-lo pessoalmente. Evite compras de contrabaixo pela Internet. Em caso de problemas de construção ou de transporte, é necessário saber antes da compra quem bancará o envio do instrumento para devolução ou troca, e que isso esteja por escrito no site. Não se esqueça de fazer print-screen de tudo;

12) Caso seja inevitável a compra pela internet, certifique-se do envio com seguro do contrabaixo, e de que a compra seja feita através de uma firma intermediária, que receberá o seu pagamento, e que só o liberará para o vendedor quando o contrabaixo chegar em perfeitas condições até você, lembrando que é legal a desistência da compra pela Internet em até 07 dias úteis após a chegada da encomenda, mas que isso não te impede da aporrinhação do envio do contrabaixo para o local de origem (rever item 11);

13) De um modo geral, a partir dos 13 anos de idade, dê preferência aos contrabaixos de tamanho ¾. Eles são ergonomicamente menos prejudiciais à saúde do aluno de contrabaixo. O volume de som nem sempre está associado ao seu tamanho, mas sim a sua construção. O tamanho do contrabaixo é medido pelo diapasão (distância entre a pestana e o cavalete). Um contrabaixo ¾ tem entre 106 ou 107cm de diapasão. Na hora de escolher o tamanho do seu contrabaixo, procure se lembrar do velho ditado: “quanto maior o tamanho, maior o tombo”;

14) Todo o contrabaixo comprado deveria passar por um luthier antes da compra e deve passar sempre por um após a compra, para regular (ou trocar) o cavalete e a altura das cordas. Contrabaixo novo de loja, por exemplo, não se toca sem regular o cavalete e, por causa disso, muitas das vezes nem se consegue experimentar direito o lindo na loja. O serviço não é caro, mas deve fazer parte do orçamento reservado para a compra do contrabaixo, junto com o arco – caso ele não venha com o instrumento – e da resina, que não é cara e dura uns quatro anos. Não faça como o povo que dá festa e economiza nos detalhes que depois ainda cagam toda a cerimônia: comprou um contrabaixo, leve-o a um luthier competente;

15) As cordas que vêm nos contrabaixos chineses costumam ser muito ruins. Cuide bem delas usando uma flanela seca após estudar, porque as cordas boas são carésimas, embora possam durar muitos anos;

16) Logicamente que, acompanhado da mão esquerda, o contrabaixo costuma desafinar, mas se ele começar a desafinar muito sozinho, não é carência de estudo, porque quem tem carência de estudo para afinar é o contrabaixista. O contrabaixo pode estar com uma corda candidata a ser afinada um semitom abaixo, ou um dia arrebentará sem te dizer adeus;

17) Quem conserta, regula e faz contrabaixos é o luthier e não o marceneiro da esquina. O marceneiro pode ser lindo, ótimo e maravilhoso, mas contrabaixo não é um móvel – mesmo que haja quem o considere como tal. E que não seja você uma dessas pessoas…

18) Se o contrabaixo for simples, nem sempre vale a pena investir tanto, porque não haverá quem pague esse investimento, quando você precisar vender o contrabaixo;

19) Se o contrabaixo valer a pena o investimento, procure se informar sobre cada coisa a ser feita e o caráter de urgência de cada uma. Pense se você pode pagar por todo esse investimento, se você pode fazer o serviço por partes e/ ou se vale a pena você se endividar por ele. Embora muitas chances sejam únicas, outras virão;

Como escolher o seu contrabaixo:

1) Se possível, com a ajuda de um professor, de um luthier ou de algum contrabaixista (profissional, amador ou estudante mais adiantado);

2) Se isso não for possível, veja se o vendedor parece ser uma pessoa confiável. Sei que confiança a gente não vê pela cara e que, se visse, não haveria tanto trambiqueiro no mundo mas, se você não tem a quem recorrer, o jeito é torcer para que seu sexto sentido seja seu amiguinho e funcione;

3) Caso você opte comprar o contrabaixo numa loja, até mesmo pelas facilidades de parcelamento, examine o instrumento pra ver se não há trincados, rachaduras, partes mal coladas ou mesmo descoladas, se possível em local bem claro ou, no caso das rachaduras e/ou dos descolamentos dentro do instrumento, veja-as contra a luz, através dos “efes” do tampo;

4) Veja se o espigão é móvel. Caso não seja, você ou tocará com ele numa mesma altura sempre, seja ela boa ou ruim pra você, ou você terá que pagar um luthier para trocar o espigão por um que seja regulável;

5) Veja se o espelho (escala) não está empenado usando uma linha, metro ou barbante da ponta de cima (pestana) até a ponta embaixo (cavalete). Braço empenado pode significar problemas, e problemas quase sempre significam dinheiro;

6) Evite contrabaixos com o braço muito largo. Com o braço esquerdo pra baixo, relaxe e sacuda a sua mão esquerda, como se fizesse movimentos de quicar uma bola de ping-pong. Congele o movimento. Suba sem modificar a forma da mão. O braço do contrabaixo não deve ser tão largo, a ponto de você precisar abrir sua mão mais do que pra quicar aquela sua bolinha imaginária;

7) Se o contrabaixo for novo e não der pra experimentá-lo na loja por causa do cavalete novo e sem estar regulado – que deixa as cordas muito altas -, siga as outras dicas, e fé na tábua!;

Fé na tábua e simbora pro mamãe eu vou às compras!
Êta cegonha contrabaixística mais preguiçosa essa que você arranjou, hein?!…

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Orientacoes Contrabaixisticas by Voila Marques is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas License.

Após observar contrabaixistas fazendo acrobacias variadas com a mão esquerda em posições, dedilhados e passagens onde não há necessidade de mirabolâncias contrabaixísticas, resolvi escrever sobre a forma da mão esquerda.

De um modo geral, a forma básica da mão esquerda até a primeira metade da corda é uma só, e outra na segunda metade, e só.

Quero dizer com isso que, sendo assim, não existe uma posição de mão esquerda exclusiva para afinar o contrabaixo, nem aquela posição específica da mão esquerda para tocar corda solta, como se o contrabaixista estivesse a se abanar do calor esfalfante do estudo diário, e nem aquele girozinho mimoso de pulso pra mudar de corda, em que o seu pulso vai passear de montanha-russa e não desce mais de lá nem com oferta de cachê artístico.

Manter a forma da mão esquerda objetivando bons resultados inicialmente é um saco, e tira muito daquele “charme” de fazer aqueles arabescos de dança árabe com a mão, e pode até parecer que a vida, na hora de estudar contrabaixo, se tornou algo monótono, repetitivo e meio parado mas, acredite, não é bem isso… Sua vida contrabaixística de tornará muito mais emocionante quando você puder tocar cada vez mais notas, rápidas ou não, de forma precisa e sem esforço.

A cada arabesco bem arabescado e a cada movimento mirabolante, rebolante, girante, estonteante e estabacante da sua mão Scherazade, você está perdendo tempo pra tocar outras notas – especialmente em passagens que exigem velocidade dos dedos e da própria mão -, além de gastar energia com movimentos desnecessários.

A energia tá sobrando? Ótimo! Então está na hora de trabalhar com o peso do braço e do corpo e não com a força das mãos! Mão esquerda com excesso de “coreografia” é sinal de mão frouxa, sem tônus muscular e condicionamento pra se sustentar na corda, entende?

Para isso, comecemos com uma regrita básica para primeira metade da corda: o dedo 2 (dedo médio) faz uma cruz com a corda, e os dedos 3 e 4 (anelar e mínimo) seguem o mesmo modelito de dedo 2. Sabe aquele ditado que diz “manda quem pode e obedece quem tem juízo”? É isso aí: dedo 2 manda e dedos 3 e 4 têm juízo.

Exemplo: na primeira corda (sol), na 1ª posição (lá dedo 1 – si bemol dedo 2 – si bequadro dedo 4): faça a cruz do dedo 2 com a corda. Apóie os dedos 3 e 4 da mesma forma. O dedo 1 fica apontado para cima, mas note que todos os dedos ficam ligeiramente curvados, e nunca retos ou chapados sobre as cordas.

Mas e o antebraço e o cotovelo esquerdos na 1ª posição? Trace uma linha imaginária do seu dedo 2 para a esquerda de seu corpo. Bem, o cotovelo ficará para “baixo” em relação a sua mão e, do cotovelo até o pulso, teremos um ângulo aproximado de 45 graus em relação à cruz que você fez com o dedo 2.

Resumindo: o cotovelo está para “baixo”, mas ele não está deprimido, e não leva o seu dedo em cruz com a corda para o mau caminho. O dedo 2 continua firme, forte, relaxado e sempre perpendicular à corda.

Como você já sabe a regrita básica dos dedos 2, 3 e 4 em cruz com a corda até a primeira metade da corda, depois é só entender que o que muda nas outras posições é o braço como um todo. Sendo assim, a angulação do cotovelo em relação aos dedos vai mudando.

Na hora de tocar corda solta, os dedos levantam para cima e não ficam de ladinho. É até ridículo escrever que os dedos levantam pra cima e abaixam pra baixo, mas é pra ressaltar que os dedos não levantam e nem abaixam para os lados…

E quando você vai mudar de corda… surpresa! Os dedos e a mão esquerda andam junto com o braço, sem vida própria! Eles se movimentam bem pouco, porque o espaço entre as cordas é bem pequeno, e eles também copiam a forma da mão e do braço que você caprichou taaanto pra fazer na corda anterior!… Com isso, não aparece aquele pulso pontudo – o da montanha-russa-, nem o pulso troncho e tímido que quer ficar abaixo do nível do antebraço e/ou da mão.

Importante: lembre-se que o peso do corpo pesa, e que cansa trabalhar com peso no ínicio, mas isso não é justificativa pra não “puxar para trás” o peso da mão e do braço em direção ao cotovelo (diagonal ao corpo). O segredo é estudar de forma gradativa, para adquirir tônus muscular e condicionamento físico aos poucos!

E que sua mão esquerda Scherazade assim o seja não pelo excesso de movimentos desnecessários, mas sim pelas mil e uma noites e dias de músicas bem tocadas e bem vividas!

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