Texto retirado do site https://doublebassguide.com, escrito por Jonas Lohse (traduzido por Voila Marques e revisado por Aurélio Ramalho)
DICAS DE COMPRAS
“(…) Os materiais que são utilizados são de uma importância decisiva para a qualidade de um instrumento. Contrabaixos podem ser divididos em duas categorias, de acordo com a madeira que é utilizada para produzir um contrabaixo: contrabaixos de madeira esculpida e aqueles feitos de madeiras laminadas. Nos baixos esculpidos, o tampo e o fundo são esculpidos em um bloco completo de madeira, nos quais se aplica muito trabalho e material. A madeira apropriada para fazer instrumentos deve ter sido seca ao ar livre durante anos ou décadas, até ser utilizada. A madeira bastante enrugada (strongly wavy-grained wood is the most sought-after) é a mais procurada.
Os chamados contrabaixos laminados são feitos de madeira folheada. Tampo e fundo são formados por meio de prensas. Além dos bons preços, é a robustez, que fala em favor dos baixos laminados. Enquanto baixos esculpidos estão constantemente ameaçados por rachaduras causadas, por exemplo, com a falta de cuidados no transporte ou pelos efeitos do tempo, a madeira laminada, que consiste de várias camadas de madeira coladas é mais resistente. Mas, embora haja baixos laminados capazes de produzir um bom som, uma certeza de som ideal só pode ser obtida com um baixo esculpido. Principalmente, porque o som de um baixo esculpido é mais rico em ressonâncias, enquanto que o som dos laminados é mais abafado. Baixos de qualidade superior são, portanto, os esculpidos. Entre essas duas categorias, em matéria de preços, bem como de qualidade, você pode encontrar os chamados baixos “híbridos” que, na realidade, têm o tampo esculpido, mas cujo fundo e faixas são feitos de folheados de madeira (laminado). Se bem feitos, eles podem ser preferíveis em relação a um baixo mal feito, totalmente de madeira esculpida.
A primeira opção para espelhos são os de ébano, de preferência africano. Por razões econômicas, você também pode encontrar outros tipos de madeira, como pau-rosa, maple ou outra madeira. Às vezes, elas são tingidas de preto – deixando o baixista com os dedos pretos por algum tempo. Como alternativa para os caros espelhos de ébano são oferecidos materiais feitos de grafite. Mas eles ainda não se tornaram populares.
Afora os materiais utilizados, também pode haver diferenças de qualidade que são baseadas no modo de produção. Além da produção tradicional em oficinas de lutheria pequenas, você também pode encontrar uma série de produção industrial de contrabaixos. Enquanto que o tampo é talhado à mão nas oficinas de luteria, nas fábricas eles são produzidos por máquinas. Há também diferenças no envernizamento. Enquanto que um envernizamento tradicional, à base de resinas naturais resolvidos em óleo ou álcool, é aplicado à mão em várias camadas, na produção em série são utilizadas nitrocelulose ou os atuais PU e DD vernizes. Eles secam mais rapidamente e são mais simples de trabalhar.
Um monte de baixistas prefere um instrumento que tem sido usado por algumas décadas do que um novo. Colecionadores pagam fortunas por baixos antigos de qualidade, feitos por mestres luthiers, especialmente os dos séculos XVIII e XIX, da Itália, França, Grã-Bretanha ou Alemanha.
A maioria dos contrabaixos precisa de alguns anos, a fim de desenvolver seu som, até que o som realmente “abra”. O som especial, que é característico de cada instrumento, só aparece depois de alguns anos. Simplesmente falando, cada parte de um contrabaixo tem diferentes ressonâncias que, até certo ponto, dão suporte à ressonância de outras partes. Depois de algum tempo, umas se adaptam às outras.
Algumas pessoas tentam imitar e acelerar esse processo, na qual um instrumento antigo experimenta ao ser usado durante anos, com a ajuda de aparelhos mecânicos que aplicam vibrações no instrumento. Esta técnica é chamada de vibração dedampening e foi desenvolvida pelo Prof von Reumont (Alemanha), na década de 1970.
Se você está tentado por um contrabaixo esculpido mais velho, as rachaduras já existentes (no tampo, fundo ou laterais) não devem impedir você de comprá-lo. Quase todos os contrabaixos antigos possuem rachaduras e, contanto que o número delas seja limitado, elas não necessariamente reduzem o valor do contrabaixo – se forem reparadas por um especialista.
Como você só pode consertar algumas rachaduras através dos buracos dos “efes”, o tampo ou o fundo tem de ser removido para o reparo. Se tiver sido usada cola de madeira (comumente usada com instrumentos de corda), isso pode ser feito sem maiores problemas por um luthier experiente.
Se um contrabaixo não está bem regulado, ou até mesmo impossível de ser tocado, o potencial de som só pode ser julgado insuficiente e, no caso de uma compra, algum dinheiro a mais tem que ser gasto. Isso é válido tanto para antigos, quanto como para os contrabaixos novos. Se o espelho está mal planado, barulho ou zumbido das cordas podem ser ouvidos. O espelho deve ser então aplanado novamente por um experiente luthier de contrabaixo. Se ele é de má qualidade, ou já estiver muito fino, ele deverá ser substituído por um novo. Um novo cavalete também é necessário, se o antigo já estiver envergando em direção ao espelho. Esse cavalete corre o risco de cair sob a pressão das cordas, prejudicando com isso seriamente o tampo.
Além da qualidade do material e da montagem, é certamente o som que deve desempenhar um papel importante ao julgar um contrabaixo. Um contrabaixo deve soar bem equilibrado em todas as cordas e em todas as posições.
No mais, som potente, além de facilidade de ressonância e sustain (sustentação do som) são importantes. Como o som se propaga mais para frente do que para cima, a percepção do instrumentista é diferente, se comparada a alguém do público, que está a poucos passos de distância. É por isso que você deve sempre ouvir alguém tocando o contrabaixo de sua escolha e comparar as várias impressões. A acústica de uma sala também desempenha um papel considerável. Se você tocar no canto de uma sala, muito mais som é percebido pelos os ouvidos do baixista, em comparação a tocar no meio de uma sala.
Você não deve se apressar na compra de um contrabaixo. Vale sempre a pena ir a um especialista, nem que seja apenas para obter um levantamento dos instrumentos disponíveis e os respectivos preços. Lojas de música, em sua maioria, têm apenas um único contrabaixo, quando muito. Infelizmente, um grande número de lojas de música também oferecem os contrabaixos como os conseguiram através do atacadista: mal regulado e equipado com cordas baratas – o que deixa o baixo mais ou menos impossível de ser tocado. Depois de comprar esse baixo, você precisa encontrar um luthier qualificado para fazer a regulagem para você.
Especialmente se você não tem nenhuma experiência com o contrabaixo você não deve comprá-lo fazer sem experimentar vários contrabaixos. É a única maneira de descobrir o que é o mais importante para você e qual o tamanho que mais lhe convém. Muitas vezes, você vai encontrar conselhos úteis e qualificados com professores de contrabaixo que o ajudarão a procurar e escolher o contrabaixo mais adequado para você.
(…)
Dicas de compra feitas por Ron Carter:
• Não compre um baixo que é muito grande. Muitos estudantes fazem isso. Você tem que ser capaz de tocar todo o baixo afinado;
• Que tipo de som (timbre) você procura? O instrumento será capaz de reproduzir o som que você quer? Você não pode criar um som que nem está lá;
• Não compre algo muito caro. Compre algo que você possa pagar até que você desenvolva seu ouvido;
• Certifique-se de que ele tem a voluta original e de que o braço não é parafusado;
• Não se impressione com o nome – ele pode não ser do tamanho certo ou não ter o som certo.”
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